Marlene Bergamo/Folha Imagem

É difícil escrever algo sobre essa última grande tragédia da aviação civil brasileira. Com um sistema de gestão do espaço aéreo tão desorganizado, um acidente dessa proporção parecia ser anunciado. Para alguns especialistas, o problema foi de infra-estrutura: indícios apontam irregularidades na pista recém-reformada do Aeroporto de Congonhas como causa do acidente. Na linha de fogo, sai controladores de vôo, entra Infraero. Lamentável.
P.S. 1: contrariando todas as análises feitas por especialistas ontem, há novas hipóteses sobre o acidente, minimizando, inclusive, a responsabilidade da ausência de grooving (ranhuras) na pista de Congonhas. Ver aqui.
P.S. 2, via Imprensa Marrom, a respeito dos precipitados julgamentos sobre ‘culpados’ pela tragédia:
“Enfim, cada um pode escolher seu culpado. Isso não leva a nada. Serve apenas para reduzir um debate sério à seara das brigas de torcida. É preciso às vezes dar uma folga aos comprometimentos partidários – ainda que uma folga breve – para que pelo menos os textos não saiam contaminados por uma raivinha ridícula, bem pouco afeita ao que se espera dos grandes veículos em momentos trágicos como este.“
P.S. 3, do Toca do Jens, a propósito dos ‘comprometimentos partidários’:
Cara…
– Porra, foda o acidente.
– HumHum. A coisa está feia pro nosso lado.
– Como assim?
– Pensa, pô. Primeiro as vaias no Pan, agora esta merda. Vão nos trucidar.
– É mesmo. O que vamos fazer?
– Nos defender atirando. Vamos lembrar que eles também são podres, remexer na bosta do lado de lá.
– Controle de danos.
– Exatamente.
– Porra, mas e os mortos? Chocante, não?
– Os mortos estão mortos. Temos que cuidar é dos vivos. Ao trabalho.
– É isso aí. Vou preparar um dossiê.
…coroa
– Porra, foda o acidente.
– HumHum. Mas pra nós foi bom.
– Puta merda, como assim?
– Pensa, pô. Primeiro as vaias no Pan, agora esta tragédia. Vamos trucidá-los.
– É mesmo. O que vamos fazer?
– Atacar por todos os flancos. Vamos relembrar outros podres, remexer bastante na bosta.
– Maximização de lucros pra nós. Prejuízo pra eles.
– Exatamente.
– Porra, mas e os mortos? Chocante, não?
– Os mortos estão mortos. Temos que cuidar é dos vivos. Ao trabalho.
– É isso aí. Vou preparar um dossiê
Edu
julho 18, 2007 at 12:39E vai continuar tudo igual até o próximo acidente, infelizmente. Porque ninguém mais é objetivo e racional neste país.
Luma
julho 18, 2007 at 15:44Se responsabilizassem os culpados seria válido esse fuzuê todo, mas para acabar em nada? Ninguém segura essa peteca!
* Adorei a novidade!! Beijus
Jens
julho 18, 2007 at 19:24Juliano, obrigado pela distinção que destes ao meu texto.
Não conhecia a tua página e fiquei agradavelmente surpreendido – tudo muito bom por aqui. Já a inclui entre os meus favoritos. Certamente vamos nos encontrar em outras ocasiões. Um abraço.
Cláudio Costa
julho 19, 2007 at 00:50Mu ito pertinentes seu comentário e as citações sobre o acidente da TAM, em Congonhas. Concordo que a pressa em encontrar culpados possa ser útil apenas para quem deseja “determinados ” culpados. Aliás, é o que está acontecendo hoje neste Brasil… partidarizado.
Edu
julho 19, 2007 at 09:13Perfeitas as citações do Jens.
Thera
julho 19, 2007 at 13:53Eu fiquei sabendo bem depois sobre o acidente. Terrível, mas eu não consigo me comover tanto depois que as notícias estão um pouco “frias”.
Quando acabam os dias de luto mesmo?