Desejos de rei deposto não devem ser respeitados

Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se entre as leis dos persas e dos medos para que não seja alterado.

Livro de Ester, 1:19

A retirada de um adereço do Palácio Araguaia, sede do governo estadual, transformou-se na maior pendenga ocorrida esse ano em terras tocantinenses (desconsiderando as eleições, evidentemente). Duas esferas de aço metálico dourado, de quase quatro metros de diâmetro, foram retiradas das alas sul e norte do Palácio. Reformá-las era a explicação inicial. Atualmente, é quase consensual que elas não voltam mais – pelo menos na gestão atual.


Palácio Araguaia. Em destaque, uma das esferas.

Endossa a posição do atual governo um dos responsáveis pelo planejamento urbano da capital, o arquiteto Walfredo Antunes. Para ele, a inclusão das esferas foi feita sem o consentimento dos autores do projeto do Palácio, o que fere a lei de direitos autorais. O Palácio foi construído na primeira gestão do ex-governador Siqueira Campos – candidato ao governo derrotado nas últimas eleições no Tocantins.

As duas esferas são inspiradas, entre outros valores simbólicos, na história egípcia (!). Para os egípcios, o deus-sol emanava energia suficiente para proteger ‘seu povo’. Uma maluquice descontextualizada.

Os adendos palacianos expulsos são símbolo de uma era em que determinado representante do já roto coronelismo mandava e desmandava, e seu simples desejo tinha força de lei. Enxovalhar os perdulicários tem muito mais efeito político do que técnico e legal: é o símbolo da ‘desestanilização’ (que Stalin me perdoe…) do Tocantins.

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