A era atômica e os heróis

Hoje se completa 60 anos do lançamento da segunda bomba atômica sobre um combalido Japão. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o cheiro do “Fim dos Dias” pairava sobre todos os terráqueos. Era, enfim, um substituto a altura do terrível bicho papão, metendo medo até em bebês barbados de setenta janeiros.

A era atômica inaugurou um novo período na história das guerras. Elimina-se aqui a figura do herói valente e destemido. O estadista vitorioso não mais se encontra nas frentes de batalha – comprovando quão pusilânimes são os homens de poder do século XXI.

As armas utilizadas pelos poderosos líderes são meras e simples canetas. São elas as mobilizadoras do poderoso arsenal das grandes potências mundiais. Caneta e bomba, champanha e feridas – separadas por milhares de quilômetros.

Covardia virou trunfo. Heróis de guerra são os mutilados, são os corpos que se sacrificam sabe-se-lá-por-qual-motivo. É compreensível, então, a satisfação altruísta dos inúmeros homens-bombas. É o heroísmo, o verdadeiro. Mas maldito o povo que precisa de heróis, já dizia Brecht…

Por isso o horror americano à produção nuclear em países hostis, como o Irã. Para quem estimula comportamentos heróicos, nada melhor que grandes feitos. A paranóia que reina no país dos super-heróis, conservando os exageros, tem fundamento.

É, o medo de tomar do próprio veneno está cada vez mais forte.

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