Náufrago

Seus sentidos ainda acusavam o arrebatamento. A taquicardia continuava, a secura na boca permanecia. O coração, enganoso, equivocara-se. A água salgada do mar sugava seu corpo pouco hidratado. Os lábios estavam ressecados. Trêmulo sob efeito do calor escaldante, notara que a miragem havia desaparecida. “O arrebatamento de sentidos foi-se”, repetia, para si mesmo, em força e intensidade que só os loucos possuem. Agarrado a parte que restou do barco, singra ao sabor dos ventos, pouco se importando quanto ao destino final. Depois da ilusão terminada, familiariza-se, resignado, com o azul do céu, com o azul do mar. Blue sky, blue sea. Blue man.

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