O que está nos extremos atrai nosso olhar. Todavia, o inusitado e exótico tem data de validade – e quase sempre muito curto. A doçura atrai, mas em pouco tempo o sabor tende a ficar enjoativo. Mesma coisa sucede ao amargo: antes singular, em doses frequentes gera repulsa. No fim das coisas, por mais que as pessoas admirem os extremos, o que precisam mesmo é de uma comida sem tempero forte. Ninguém quer um closet somente com roupa de gala. Pelo contrário: roupas especiais geralmente são poucas, destinadas a eventos especiais. Não estamos preparados pra viver o excepcional 24 horas por dia. Em algum momento, a estafa virá. Daí sentiremos saudade da vida insossa, sem promessas, sem ventos uivantes. Alta adrenalina tem um preço: medo, ansiedade, às vezes um pouco de tristeza. Mesmo cientes disso, vemos tudo isso – o desapego à vida intensa – com perplexidade, muita perplexidade. Porque, afinal de contas, admiramos uma vida sendo vivida apaixonadamente.
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