Jean Charles, o estrangeiro

Migrando.
Vivendo.

Eram os saxões estrangeiros
Em terras varonis
Aportando-se nas britânicas ilhas
Sem pontualidade.

Viva a Saxônia! Morte aos celtas!

Eram os europeus estrangeiros
Em terras varonis
Cá chegando Colombo
Atrasado centenas de anos.

Viva a Europa! Morte aos silvícolas!

Era um brasileiro estrangeiro
Em terras varonis
Quando por pura inglória
Assemelhou-se a outro estranho.

Morte (!). Morte (!).

Migrando.
Morrendo.

A doença

O ar condicionado do consultório estava lhe incomodando. Como se não bastasse aquele branco excessivo das paredes e a artificialidade dos quadros com paisagens de inimagináveis lugares.A médica, em ar pomposo, óculos caindo sobre o nariz, lia seu prontuário com ar severo. Depois de alguns minutos, sua voz rouca, demorada e cheia de autoridade ecoou pela sala:

– Alguém está com a senhora?

Pronto. Vai me dar uma notícia ruim, pensou. E era só uma verruga. Uma verruguinha…

– Não, doutora… Mas o que é que eu tenho?

– Eu preferia falar com alguém da família antes. Pra senhora não ficar tão preocupada.

– Mas já estou preocupada, doutora! O que é que eu tenho?

Uma pausa constrangedora. O breve silêncio da doutora dizia que era algo ruim, muito ruim. Só podia ser. Quanto tempo de vida ainda teria? E os netos para criarem? Agora que nascera o segundo e com Mariinha, a caçula, grávida pela primeira vez….

– A doença não é grave quanto o nome possa parecer, minha senhora. É uma espécie de câncer.

– Câncer? CÂNCER?

Enquanto desfalecia, ouvia a doutora falar de um tal de câncer de pele. As vistas escureciam. O som ambiente diminuía. Pontadas no peito dizia algo que ela, que pouco entendia de medicina, sabia muito bem o que era.

Câncer de pele. Uma microcirurgia acabaria com seu problema. Microproblema. Grave era o coração.

Poesia

Kadilza Tavares, uma amiga, uma poeta. Essa moça vai longe. Um exemplo de seu trabalho está logo abaixo, publicado pelo site www.mundocultural.com.br. É só procurar pelo nome da escritora que você verá alguns dos seus poemas.

INCOMPARÁVEL AMOR
Kadilza Tavares

Sorriso nos lábios, e beijos enfáticos
A felicidade faz habitação em meu peito
E assim, desse jeito, vejo teus olhares enigmáticos
E em cada beijo a vontade de um feito

E estarmos juntos, não é resultado nem conseqüência
É destino já traçado, é caminho já cruzado
E se te vejo uma vez, quero-te com freqüência
Estamos à beira do amor, muitas vezes já frisado

Pergunto e questiono nossa união
Quando me toma um pequeno medo, sem explicar
Mas vejo que no teu e no meu coração
Existe tão ínfimo amor, que esqueço todo soluçar

Assim espero-te com vinho e com minha sinceridade
Que não se perde nem enquanto os anos passam
É amor na nova e na velha infância, com muita serenidade
E não importa o que dizem, quero-te não importa o que façam!