Conheci Paula Vitoria em 2002. Uma boa menina, bonita, inteligente, adorável. Devia ter treze, catorze anos. Era uma das melhores alunas da sétima série. Findado o ano, Paula trocou de Colégio e nunca mais a vi. Ontem, folheando jornais de dias anteriores no trabalho, encontrei seu nome. Acidente automobilístico horrível. O nome me ligou imediatamente a pessoa. Tentei achá-la no orkut. E sim, era ela, infelizmente.
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De tantas reflexões filosóficas sobre as razões da vida e da morte, ficou-me uma questão menor: a violação de privacidade na vida – e na morte – proporcionada pelo Orkut. Em vida, os abelhudos e fofoqueiros de plantão são o problema. Na morte, são [perdoem-me o palavreado] uns filhos da puta sem noção (fakes, geralmente coletando informações em uma mórbida comunidade) que invadem scrapbooks para agredirem gratuitamente a memória e os sentimentos da família do finado. Antes, deletar recados imediatamente resolvia; agora, é ideal revelar a senha para três amigos, no mínimo, para deletar sua conta post mortem e preservar os seus conhecidos e parentes de um ataque de nervos.
Essa invençãozinha turca tá perdendo a graça.
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