Historinha verde-amarela de natal

Papai-noel substituiu o vermelho por outra cor, indefinida, para proteger sua identidade. O calor excessivo lhe impediu de usar as renas. O andar constante desse fim de ano fez desaparecer sua enorme barriga. Isso foi bom, uma vez que, no Brasil, não há tantas chaminés confortáveis. O acesso a casa foi mais difícil. Depois de muita vigilância, descobrir os momentos de ausência do vigia (com seus expedientes ocasionais…), driblar cercas elétricas, isolar o cão da família. Vencido os obstáculos iniciais, papai-noel abandonou a doçura. [‘Brasileiro não facilita pra gente’ é uma de suas queixas mais comuns ouvidas do seu enorme depósito de presentes.] Do seu saco quase vazio, retirou uma serra, quebrou todos os vidros da janela da cozinha e pôs-se a cortar as barras de metal. Ágil, conseguiu abrir passagem em pouco menos de quinze minutos. Dentro da casa, não encontrou nenhum presente no saco, amaldiçoando a incompetência de seus auxiliares. Apurou o olhar e não viu, no entanto, sequer árvore de natal para depositar os presentes. ‘Que falta de espírito natalino’, pensou, mais consolado. Preocupou-se, por um momento, com o saco vazio. De repente, em um estalo, uma idéia lhe apareceu. Inconformado por não ter pensado nisso antes, começou a recolher objetos de valor (e carregáveis). E assim termina a história, com a inusitada transformação de papai-noel em um estranho Robin Hood – que surrupia dos pobres para vender para pobres. A preços módicos, evidentemente.

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Bem que poderia ter deixado meu saxofone e minha coleção de DVD’s.

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