A Comunidade dos Estados Independentes foi o tema dos dois módulos da última aula no cursinho. Depois do longo rosário geográfico (Clima, Relevo, Hidrografia, Economia, etc…), uma aluna me perguntou sobre a importância do rio Volga.
Beleza, pensei. Imaginando um mapa da Rússia, lembrei-me do mais largo rio europeu passando por Moscou e banhando as mais industrializadas regiões russas. Mas já pensou se a pergunta fosse sobre o Obi, o Ienissei, o Leni, o Amur, ou qualquer outro grande rio circulando pelos quase 20 milhões de quilômetros quadrados da Federação Russa?
Quanto a isso, nenhum trauma. Sei muito bem dizer “não sei”, quando não tenho noção da resposta de alguma pergunta feita. Mas o que realmente me tocou foi a preocupação da estudante a respeito dos rios. Por falar em trauma, essa “preocupação hidrográfica” nasceu de sua experiência em um vestibular famoso (UFU).
A pergunta do referido vestibular era sobre quais os países que o rio Reno banhava. Para um aluno que se depara com uma pergunta dessa, é natural que se preocupe com a importância do Volga. Aliás, é hiper-natural que, em qualquer situação, elementos naturais como os rios tenham superimportância (êta neurose…). Afinal, lição tida do vestibular: “tenho muito o que ainda saber sobre a hidrografia mundial”.
Essa Geografia, que requer memória boa, há muito já está ultrapassada. Mas ainda é praticada em muitos vestibulares. Bons ventos, vindos principalmente da UNICAMP e da USP, mostram uma outra geografia, muito mais preocupada com o raciocínio do que com a memória. Muito mais preocupada com o uso das informações do que com a absorção delas.
Aliás, sobre importâncias de rios, acho o Mutuca, um ribeirão que passa alguns metros de minha casa, muito mais importante que o Volga. O Fernando Pessoa, um dos maiores poetas portugueses, provavelmente iria concordar comigo:
“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia“.
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