Os resultados do ENEM repercutem com muitos sorrisos e orgulho na rede federal de educação básica (CEFET’s, Colégios Militares e Colégios de Aplicação). Seria a alta qualificação dos docentes responsável pelo sucesso dos números?
Grande parte do corpo docente da rede federal é composta de mestres e doutores. Mas, convém lembrar, explicar esse fato pela formação docente é simplificar demais o problema. A própria estrutura de ingresso (especialmente nos Colégios Militares), através de vestibulinhos, dá um jeito de excluir alunos medianos e ruins. A matéria bruta que os mestres e doutores trabalham é seleta, diferente das condições encontradas pelos demais professores das redes públicas municipais e estaduais.
Mesmo nas escolas federais há consideráveis discrepâncias. Não se pode, a meu ver, comparar um CEFET com acirrada disputa de ingresso, em regiões tradicionalmente bem avaliadas no Ensino Fundametal e Médio, com outro em que a matrícula é definida por sorteio, a concorrência no processo seletivo é muito baixa ou, ainda, a clientela atendida não chega ao CEFET minimamente competente, do ponto de vista das aquisições cognitivas básicas.
Nesse sentido, a qualidade efetiva do ensino poderia ser medida se fossem computados os dados de entrada e saída dos alunos na rede, da forma como são realizados no ENADE. Daí, sim, poderíamos avaliar, comparativamente e com segurança, o processo de ensino realizado na rede federal.
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