Sobre o piso salarial para professores

Depois de ler sobre a posição contrária de alguns secretários estaduais de educação à lei que institui o piso salarial (míseros 950 mangos), meu ceticismo sobre o futuro da educação nesse país aumentou. É inadmissível, para um Brasil que quer ser grande, tratar a carreira docente com tanta negligência.

Dessa história, ficamos assim: poucos se interessarão genuinamente em ser professores. A maioria entrará na roda por conta do emprego, e só. Não tem essa onda de gostar da profissão e tal. É bobagem dizer, tamanha obviedade: só é bom em uma profissão quem a assume com gosto.

Pra quem sabe o quanto desgastante é a profissão, o resultado dessa cada vez mais desinteressante carreira não poderá ser outro. Se alguma coisa será valorizada, certamente será a mediocridade geral.

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Dessa discussão, uma cena curiosa: a presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Maria Auxiliadora Seabra, secretária de educação do Tocantins, tratou do tema com bastante empolgação. Até mesmo porque, nesse Estado, os salários dos professores ultrapassaram o piso nacional há anos, demonstrando a seriedade da gestão pública estadual com resultados em longo prazo. Dorinha, como gosta de ser chamada, é, talvez, a mais experiente secretária de educação (está mais de oito anos na condução da pasta) e os índices educacionais tocantinenses tem melhorado significativamente. Isso em um Estado que, ao contrário dos gaúchos, cariocas, mineiros e paulistas, não possui tanta opulência nos cifrões (bizarro isso: os mais ricos estados pagam mal seus professores.). Uma cabal demonstração, portanto, que é possível valorizar a carreira docente em todo o território nacional.

1 Comment

  • Jens

    agosto 12, 2008 at 19:31

    Oi Juliano.
    Por aqui a hipocrisia vigora. Ao mesmo tempo em que disse que não tem dinheiro para pagar o “absurdo” de 950 reais para os professores, a governadora do RS aumentou o próprio salário em 143%. Dá vontade de vomitar. Não, na verdade a vontade é outra: mandar este pessoal para o paredão. E depois cobrar a munição da família.
    Um abraço indignado.

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