Ainda no início de julho, com toda pompa (des)necessária, foi divulgado o projeto “Computador Portátil para Professores”. O cronograma do programa era arrojado: em pouco mais de um mês seriam oferecidas as primeiras máquinas. Ao sabor da propaganda, o problema da inclusão digital (sic) dos docentes brasileiros seria resolvido com milhares de laptops, financiados a módicos juros.
O anúncio do projeto repercutiu em centenas de blogs e sites. Eu mesmo escrevi aqui, positivamente. Quase três meses depois, o ruído se foi. Ninguém fala mais nisso. Aquele barulhão, apontando para a celeridade e seriedade do processo, sumiu. Ficou apenas o sussurro de recados deixados no site oficial do programa – sem nenhuma possibilidade de informar um cronograma qualquer. Não há, ainda, bancos conveniados para os financiamentos nem fabricantes de notebook cadastrados.
A propósito das iniciativas de inclusão digital, o staff desse atual governo já apresentava um revés, simbolizado pela falência natimorta do projeto UCA (Um computador por aluno), que demonstrou ser muito caro para tão pouco resultado a curto prazo (que é o que vale para políticos, sabemos há tempos).
Em suma: quem, como eu, desistiu de comprar laptop em julho em função dessa benesse do Grande Guia, pode não ter feito uma escolha muito sensata. Resta saber se, agora, o mais prudente é esperar – já que quem espera três meses pode muito bem esperar mais três – ou mandar essa politicalha para o espaço e, em doze alegres parcelas, aumentar a dependência da parafernália tecnológica, mais e mais indispensável hoje em dia.
Ítalo de Paula
setembro 21, 2008 at 09:10Juliano, aqui em Volta Redonda está sendo a mesma coisa. Ocorre que até agora tudo indica que receberemos os aparelhos, pois já foram comprados e deverão ser entregues próximo do dia 15 de outubro. Estratégia? 🙂
abraços, amigo.
Jens
setembro 21, 2008 at 16:10Pô, Juliano, você já devia saber que no Brasil as boas idéias demoram para romper a barreira que separa o pensamento da realidade. Se fosse para ajudar banqueiros inescrupulosos, usineiros aventureiros ou bandoleiros de colarinho branco, a burocracia certamente seria mais célere.
É triste, mas é o Brasil.
Thera Fajyn
setembro 21, 2008 at 16:26Deve se concretizar quando esse tipo de tecnologia já for obsoleta! Ai que raiva viu…
Juliano
setembro 21, 2008 at 21:37Jens, uma demonstração exemplar de que ingenuidade e otimismo (a la Pangloss) não tem limites…
Thera, certa. E muitos posarão como se, de fato, tivessem contribuido para a melhoria da condição de trabalho dos professores. Triste.