Aprendizado

“Aqui aprendi que a vida não tem piedade e que neste mundo, algumas coisas são… impossíveis.”

É assim, soturnamente, que Lorens Löwenhielm, tenente do exército sueco, diz adeus a Fillipa, em “A festa de Babette” (Dinamarca, 1987). Frustrado pela impossibilidade de casar-se com a moça, o amor de sua vida, se despede do pequeno vilarejo no litoral dinamarquês para, segundo ele, nunca mais voltar.

Muitos anos depois, já idoso, condecorado e experiente general, retorna para um jantar na casa de Fillipa. A despedida, dessa vez, é em outro tom:

“- Estive contigo todos os dias da minha vida. Diga-me que sabes.

– Sim, eu sei.

– Eu estarei com você todos os dias que me forem concedidos. Até o fim de minha vida. Todas as noites, me sentarei para jantar com você. Não com meu corpo, pois isso não tem importância, mas com minha alma. Porque esta noite aprendi que neste lindo mundo nosso, tudo é possível.”

O “lindo mundo nosso”, por óbvio, não encontra significado no mundo real, uma vez que os dois não foram e jamais serão um casal em sentido estrito. Mesmo assim, o velho general descobriu, depois de anos, que há um mundo jazendo por detrás da aparente negação real. Sublimou a necessidade do encontro dos corpos físicos, não por estar velho e sem desejo, mas por saber que, para além da realidade concreta, o que ele sentia foi, é e será compartilhado por sua amada.

Lindo demais.

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