Boa Aventura. Ou Desventura, como queira.

Não sei como ele apareceu ali. De repente, lá estava. O engraçado foi que eu não me assustei. Nem um pouco, veja só. O senhor de cabelos grisalhos também não era de meter medo algum, se não fosse a sua assombrosa e inexplicável aparição. Decidi ignorá-lo. De nada adiantou – pois parecia que sua intenção era também a mesma. Resolvi dar aqueles grunhidos sobrenaturais para ver se o velho se mancava, tipo, um ‘ahã…’ estrondoso. Sorriu, de leve, como se isso fosse suficiente para me responder.

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Sua decrepitude sumiu diante da força com que o livro foi arremessado. Além de força, o velhinho mostrou boa pontaria. Desequilibrado, o chão me serviu de consolo.

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“Leia, burro, e entenda, moleque”, ecoou pela sala na penumbra.

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Lembrei-me das 2873 gargalhadas dadas ao ouvir as 2873 piadas do Joaquim e Manoel. “Até o fim do mês, moleque, até o fim do mês” praguejou. “E ai de você se lhe vejo por aqui”, finalizou, envolto por uma fumaça espessa e fedorenta.

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