As palavras são um rio
Carregam sentidos só percebidos pelos ribeirinhos
No ruídos das águas
joão-zé-maria-fulano-de-tal captam significados
Tico-do-rio gostava das margens
D’onde apreciava as variações de timbres,
os chuás-chuás cadenciados
um lamento da natureza
Do silêncio Tico-do-rio não gostava
Não era fácil traduzir a mensagem
Da inaudita linguagem
Por poucos compreendida (por muitos condenada)
No meio da mata, longe das barulhentas águas
Não conseguia encontrá-lo
O ruído o perseguia
Entre assobios de sabiás e chocalhos de cascavéis
Dialética das dialéticas
O silêncio foi encontrado
No interior das massas de ruído
Corpo submerso no agora gélido ribeiro
Pulmão ardente
Tico-do-rio anseia pela vida
Para a dor, o silêncio é apenas pausa
Para a vida, é sobretudo caos
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