que se sonha só… é apenas sonho”.
A frase é uma introduçãozinha de efeito em uma canção de Raul Seixas. Pretende, com isso, mostrar que sonho levado por duas e mais pessoas tem possibilidades reais de se transformar em realidade.
De tanto repetir esse mantra, transformou-se em auto-ajuda para multidões. Acho uma besteira isso.
Primeiro porque boa parte dos sonhos que já foram sonhados coletivamente transformaram-se em piadas quando postos em prática.
Segundo porque não tenho mais tendência revolucionária. Talvez fui incendiário algum dia. Hoje, sem nenhuma dúvida, sou bombeiro.
E terceiro, porque o sonho bom é o sonho que se sonha só. Ocorre em um terço da nossa vida e, quando bom, faz a gente querer sonhar nos outros dois terços da vida.
Tem gente que consegue. Vivem em semi-alucinação. Quando a realidade contrapõe o sonho, chocam-se. Amarguram-se. Em consciência da solidão do sonho, isto é, do sonho sonhado só, a frustração pode ser menor.
Pode ser que seja.
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