Retilíneo, esgotável.
Passageiro, imutável.
À morte.
Vida que se esvai.
A realidade, aparentemente intensa, se encaminha para o ocaso.
É o crepúsculo de tudo.
Retilíneo, esgotável.
Passageiro, imutável.
À morte.
Vida que se esvai.
A realidade, aparentemente intensa, se encaminha para o ocaso.
É o crepúsculo de tudo.
Daí o cansaço te pega de tal maneira no início da semana que o suplício maior é provocado pelo ponteiro do relógio, sempre a indicar o quão distante está a hora de adormecer e acordar em um novo-velho dia.
Ser recluso, optar por solidão, mudar-se pra longe, viver nas montanhas, adotar o eremitismo como filosofia de vida.
Isso é fácil.
Quero ver é se manter solitário no meio da multidão. Quero ver é criar, por décadas, um “eu-interior” solitário e incomunicável com a superfície. Quero ver é olhar para todos os rostos – mais ou menos próximos – e ver a palidez, a frieza, a incomunicabilidade tal qual o ermitão tem ao se encontrar com uma sequoia.
Estar só (voluntariamente) na multidão é para poucos.
Fui sombrio. Falei sobre morte. O tempo todo. A criançada não deve ter sacado que a morbidez estava para além do que se ouvia. No final das contas, como compreender a paixão pela morte? Não seria ele, o palhaço, o exemplo máximo de felicidade? De onde retirar tantos sorrisos se, lá dentro, o gosto acre preenche todas as saliências, todos os espaços vazios que ele mesmo supunha certa vez estar preenchido?
Não, não há explicação. O choque será sucedido pelo torpor. O incompreensível e o inacreditável estará, mais uma vez, provando como a loucura pode superar a razão humana.
Sobremesa!
Mais de uma vez por semana é e sempre será excesso.
Mas o que dizer depois de três vezes em menos de uma semana?
Simples: disposição para tudo, menos para dieta.
A menos, é claro, que a dieta seja… três vezes por semana. 🙂
Sentir o efeito do desprezo de alguem pode doer muito, especialmente quando somos surpreendidos. Quando é um desprezo óbvio, quase programado, perde um pouco o sentido. É como se tivéssemos acesso ao antídoto antes de ser ofendido pela víbora.
Lição de guerra: o ataque esperado não provoca reações tão desesperadoras. Há tempo de se esconder em qualquer trincheira que aparece.
que se sonha só… é apenas sonho”.
A frase é uma introduçãozinha de efeito em uma canção de Raul Seixas. Pretende, com isso, mostrar que sonho levado por duas e mais pessoas tem possibilidades reais de se transformar em realidade.
De tanto repetir esse mantra, transformou-se em auto-ajuda para multidões. Acho uma besteira isso.
Primeiro porque boa parte dos sonhos que já foram sonhados coletivamente transformaram-se em piadas quando postos em prática.
Segundo porque não tenho mais tendência revolucionária. Talvez fui incendiário algum dia. Hoje, sem nenhuma dúvida, sou bombeiro.
E terceiro, porque o sonho bom é o sonho que se sonha só. Ocorre em um terço da nossa vida e, quando bom, faz a gente querer sonhar nos outros dois terços da vida.
Tem gente que consegue. Vivem em semi-alucinação. Quando a realidade contrapõe o sonho, chocam-se. Amarguram-se. Em consciência da solidão do sonho, isto é, do sonho sonhado só, a frustração pode ser menor.
Pode ser que seja.
Fluido. Transitório. Liquido. Provisório. Efêmero. Incerto. Dúvida.
É assim os novos tempos chamados de pós-modernos. Nada oferece segurança. Tudo é passível de interpretação. Nada é absoluto.
Sou um homem atrás de seu tempo.
Deus vive, Nietzsche não, e eu não estou nada bem.
Sou um arcaico.
O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
Provérbios 28:9
A oração do pecador é abominável a Deus?
Ao ler apressadamente essa passagem do livro de Provérbios é impossível não responder um sonoro SIM à pergunta.
Não é, entretanto, tão simples assim.
Há uma diferença a ser considerada: existem pecadores não-salvos – os ímpios – e pecadores salvos – os justificados.
Se não soubermos tal diferenciação, cairemos no absurdo de concluir que Deus há muito deixou de ouvir a oração da humanidade.
Sim, porque todos estamos sujeitos a pecar. Todos nós pecamos. Uns mais, outros menos. Uns ainda são escravos do pecado, mortos, incapazes de salvarem-se. Outros estão libertos da escravidão, mas ainda presos a um corpo que tende ao que é dessa vida.
Quem diz que não peca é mentiroso, atesta a Palavra de Deus.
Cristo fez mais ainda: disse que quem quebrasse um til da Lei seria julgado como se transgredisse toda a Lei.
A explicação de Cristo nos torna ainda mais dependente de Sua Graça. Não temos merecimento algum e, mesmo assim, fomos escolhidos para a Vida Eterna.
Vida Eterna não se perde, é bom que se diga. Quem a recebeu, a recebeu eternamente. Se não seria “vida temporária”.
E a Vida Eterna não é algo que se “ganha depois”, uma espécie de prêmio por bondades praticadas. Vida Eterna é um decreto de Deus, uma ordenação anterior à fundação dos séculos.
Deus, portanto, tem tanto apreço por aqueles que foram escolhidos que, como Verbo Encarnado, se sacrificou em holocausto para que nós ascendêssemos à eternidade.
Assim, a interpretação do verso em questão deve ser feita à luz do contexto bíblico. E o contexto bíblico é esse: existem ímpios, vasos de desonra, dignos do aborrecimento de Deus, e existem os escolhidos, dos quais Deus se agrada.
Evidentemente que o pecador justificado leva uma vida de forma constrangida. É assim que o Espírito Santo age. Sentimos que não temos a liberdade para fazer o que quisermos. A liberdade é aparente.
Paulo diria que aquilo que queremos fazer, não fazemos, e o que não deveríamos fazer, fazemos.
A diferença, nesse caso, é que o ímpio, com sua mente cauterizada, não se sente mal ao fazer o que é errado.
E assim o faz porque está distante da presença de Deus.
Daí extraímos que ser justificados nos traz prazer e dor. Prazer porque reconhecemos nossa sorte em ser encontrados pela Graça Divina. Dor porque nossa alma geme quando ainda está limitada pela natureza humana.
Concluindo: para Deus, a oração do ímpio é fonte de aborrecimento, mas Ele se compadece, por misericórdia, daqueles que são seus, lavados e legitimados pelo Sangue do Cordeiro.
É isso.
Muito cuidado ao tentar salvar alguém. Certifique-se que saiba nadar bem.
Se não souber…
Na melhor das hipóteses, quem está se afogando pode se safar sem nenhum problema enquanto você desce calmamente em direção ao assoalho do rio.
Na pior das hipóteses, ambos morrem.