Humanidade

Não era miragem. Era um oasis. Ao encontrar uma companhia, o jovem tuaregue se desfez de seu solitário sofrimento. Afinal, encontrou outra pessoa que padecia do mesmo infortúnio no deserto inóspito no qual transitava. A elevada temperatura durante o dia e o rigor do frio a noite persistiam, mas agora em dose suportável. Quando, porém, viu lágrimas correrem no rosto da jovem cabila, percebeu o quanto era carregado de desumanidade sua propria dor, porque banhada em angústia egoísta. “Sentir a dor do outro nos faz mais humanos”, pensava, enquanto a jovem chorava em seu colo. O soluço da cabila lhe carregou de dor o suficiente para esquecer de seus próprios problemas. Tanta dor se converteu em mais amor. Quando, depois de muito se debater, a jovem se entregou ao sono, o tuaregue sussurrou ao seu ouvido uma declaração de amor eterno.

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