Ágape

O sol escaldante, o inimigo em fúria. A derrota estava a um passo. Do monte, o líder acompanhava o desenrolar, em ansiedade. Quando seus braços se mantinham levantados, uma energia colossal entranhava o corpo de seus liderados. Algo sobrenatural acontecia e seu exército acossava o adversário. Mas o líder não era um super-herói. Era de carne, osso e trêmulos músculos. Os braços cansavam e, abaixados, seus homens enfraqueciam; soldados perdiam ânimo – e vida. Deveras contradição: por meio de seu gesto uma força sobreumana se manifestava, mas não tomava seu próprio corpo que clamava por arrimo. O exército sem ele seria pó. Dois diletos amigos o ampararam, um a cada lado. Os braços ficariam levantados. Vitória.

A espada não venceria se o sobrenatural não estivesse sido manifesto. O sobrenatural não se manifestaria se o Lider não estendesse suas mãos. As mãos não seriam estendidas se não fossem os dois diletos amigos. Entranhados, o amor dos três era a própria manifestação do sobrenatural – agora em forma implícita, discreta, serena, mas nem por isso mais fraca ou menos miraculosa.

O amor é a fração de Deus em nós.

[Leitura: Êxodo, 17]

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