Ruben era corajoso, valente. Gostava de exercitar sua primogenitura. Um exemplo de sua audácia – um atrevimento, até – esteve em seu envolvimento com Bila, concubina de seu pai. Nas palavras de hoje, era um homem carregado de testosterona. Seus dois irmãos imeditamente mais novos, Simeão e Levi, exercitaram a valentia com violência: comandaram o massacre a Siquém depois que Diná, uma de suas irmãs, foi assediada sexualmente por um homem da cidade.
Tanta testosterona teve um preço: a perda da primogenitura.
Jacó, em leito de morte, deu a primeira benção a Judá, o quarto filho. Dizia seu pai que ele era como um “leãozinho”. Muitos citam o leão enquanto um animal dominador para indicar a profecia de que, da tribo de Judá, se teria o rei que estaria a frente de todas as outras tribos. Mas o texto é claro: não se trata de leão, mas de leãozinho. Não há explicação adicional sobre a expressão, mas cá penso se não é algo que combina a doçura e sensibilidade dos animais de pouca idade à ferocidade mobilizada quando necessária.
Testosterona, macheza, instinto, virilidade, só fazem sentido na natureza humana se combinado com a doçura e a sensibilidade.
É assim que se faz bons reis, bons líderes, boas pessoas. Doçura e firmeza, combinadas.
[Leitura: Genesis, 49]