Todos se preocupavam com ele. Já havia precedente da crueldade da lei terrena. Seu amigo havia sido executado. Ele, entretanto, estava calmo. Toda sua ansiedade estava repousada em Deus. Esvaziou-se de qualquer preocupação e a sonolência o tomou. A rígida segurança na prisão impediria sua fuga. De qualquer forma, ele não se via fugindo. Como um outro amigo seu diria, “o morrer é lucro”. Se assassinado por não negar seus princípios, melhor ainda.
A calma de Pedro é uma evidência de seu amadurecimento na fé. Não se harmoniza com o impulsivo que cortara a orelha de um soldado romano ou com o indeciso e medroso homem que há tão pouco tempo havia mentido a alguém quando inquirido sobre suas raízes cristãs. Pedro o negara. Três vezes, como Ele havia revelado. Mesmo tendo o acompanhado nos últimos anos, sendo testemunha ocular do Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, Pedro o negara. Três vezes.
Pedro dormiu sob vigilância extrema e tão horrível expectativa de morte. Não se atribulara. Já estava ciente de que a morte e a vida estão de tal maneira entrelaçadas que somente a Verdadeira Vida seria possível tão somente se ele passasse pela experiência da morte. Pela morte, encontraria a Vida. Unido na experiência da morte (vencida por Seu Salvador), Pedro o encontraria.
Daí o encanto pela morte enquanto solução temporária para problemas temporários. Quem ama a Vida, por coerência, não deve temer a morte. Quem ama a Vida, certamente deve deseja-la.
É na morte que encontramos a Vida.
[Leitura: Atos dos Apóstolos, 12]
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