Nossa miséria não pode ser medida. É, de fato, incomensurável.
Achamos, na maior parte do tempo, que somos merecedores por tudo o que de bom recebemos. É uma estupidez.
Não somos merecedores de nada. Somos maus. A ira, a cobiça, a inveja… e tantos outros ‘desvios’ nos tomam.
Mas há quem, mesmo assim, se acha justificado por suas boas obras.
Não é.
Na balança, o que nós colocamos do nosso melhor ainda é pior do que esterco.
Tomar consciência, portanto, de como somos miseráveis não é um sinal de loucura. É a boa razão, uma iluminada razão, nos colocando no nosso devido lugar.
Loucura, mesmo, é depois de ter o reconhecimento de tamanha miséria escolher o afastamento d’Ele.
Um absurdo.
Um absurdo porque a razão diria que é exatamente a consciência de nossa total depravação que nos faria ainda mais dependente de Sua Graça.
Não é de fato uma loucura? Eu reconheço que sou mais miserável do que antes achava e, aí, resolvo que sou indigno de ficar na presença d’Ele. Se antes eu me achava um não-merecedor, não seria EXATAMENTE agora que minha dependência deveria estar a níveis críticos, de modo que todas as minhas ansiedades e preocupações se depositassem, unica e exclusivamente, aos pés d’Ele?
O sensato, creio, é fazer o que se espera. O fraco, ao se tornar consciente de sua fraqueza, se refugia no Castelo Forte. Afastar-se é jogar-se no abismo. É se entregar, em definitivo, à morte.
Que a misericórdia se estenda a nós: em força, em conhecimento, em sensatez. Que nossa miséria não nos atrapalhe a nos aproximar d’Ele. Porque, afinal, é Ele quem cuida de nós.
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