Se houvesse um manual do tipo coisas-que-um-rei-de-Israel-não-deve-fazer, certamente Acabe seria seu autor. Casou com uma mulher odiável (ou o que dizer de uma rainha que persegue seus próprios súditos?), permitiu altares de outros deuses e continuou a tradição dos reis de Israel, desde Jeroboão, a fazer o que não era a vontade de Deus. Acabe foi um legítimo vaso criado para a desonra.
Mas Acabe não era covarde.
Sua morte, nas mãos dos sírios, é uma prova de sua valentia. É, também, uma prova de que, ao plano de Deus, nada se pode opor.
Acabe desistiu de usar o aparato de proteção e a posição abrigada de um rei em frentes de batalha. Vestiu-se como um soldado qualquer. No meio de tantos soldados, lá estava o rei, de espada na mão.
A profecia a ele, entretanto, era de morte.
Os sírios não buscavam nenhum outro, a não ser Acabe. Josafá, rei de Judá, seu aliado, manteve-se como manda o figurino. Não demorou para que os sírios o achassem. Não fosse um grito, que denunciara ser ele Josafá, e não Acabe, estaria morto.
Na frente de batalha, uma flecha desavisada atingiu um dos vários soldados de Israel. A couraça o protegia, mas a flecha o atingiu entre as dobradiças da armadura. O ferimento provocou grave hemorragia. Sangrou até o fim da tarde, quando faleceu. O rei estava morto.
A morte de Acabe é um recado profético. Não conseguimos desviar do rumo daquilo que a nós foi decretado. Esquerda, direita, norte, sul, não importa. O destino será o mesmo. Não há opção. Não há escolha.
[Leitura: II Crônicas, 18]
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