Presente

Saí de casa muito cedo
Os trapos na minha sacola
Camisa bordada no bolso
Na mão direita a viola
Principiava o mês de junho
O céu cinzento anunciava o inverno
O peito vazio de tudo
e a mala cheia de amor ‘paterno’

Zé Geraldo

Durante muito tempo, dia dos pais para mim era apenas o dia de dar presente para os pais. Mamãe comprava, eu entregava. Protocolarmente, assim. Depois de cinco agostos longe de casa (e já sem a viola), compreendo que o maior presente que eu desejaria oferecê-lo era estar presente lá. Dar um abraço. Ficar conversando lorota depois do almoço. Enfim.

Estar só e longe da casa paterna nesse dia é chato. Muito chato.

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Aqui em casa vez por outra conversamos em ‘Simish’, a língua dos Sims. É um exemplo evidente do quanto esse joguinho já ocupou nossas horas de lazer. Força do hábito…

Levando em consideração os dois últimos dias, insistentemente bolando um novo visual para o blog, é bem capaz que essa noite sonho em ‘agá-tê-eme-lês’.

Caso um dia resolva dominar essa linguagem, preparem-se para ouvir minhas piadas em basco e ler meus artigos de física quântica em finlandês. Ou para me visitarem no hospício, sei lá.

A vida é assim…

E enquanto um chora, outro ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.

Machado de Assis, em ‘Quincas Borba’

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Resumidamente, isso. Valeu, Machado.

Uff!

Dezembro não é um bom mês – para trabalhar, diga-se de passagem. O mais curto do ano (sim, dezembro termina dia 23, não?) sofre por resolver afazeres que os outros meses não conseguiram liquidar. Excedente de janeiro, que passa para fevereiro, que passa para março (…) enfim, quando chega no décimo segundo mês desse nosso calendário, está um ‘excedente12’.

E aí dá a doida nos chefes. Eu, aqui no blog, só a partir do próximo dia 12. Viagens, viagens, viagens (saudade imensa de quando essa palavra representava apenas ociosos – e deliciosos – prazeres).

Caso não esteja aqui – ou em vossos blogs – na data marcada, certamente será o sinal de que o trabalho me derrotou. Aviso posterior indicará o endereço para envio de flores. 😉

Falando nisso, tirada filosófica afixada hoje no mural da repartição traduz todo meu ânimo para os próximos dias:

“Ministério da Saúde adverte:
A cada copo de cerveja bebido, menos dois minutos de vida;
A cada cigarro fumado, menos quatro minutos de vida;
A cada dia trabalhado, menos oito horas de vida…”

O araguaia é ali…

Mesmo considerando que os rios de planície são pouco profundos e que os efeitos da atual estiagem são sentidos também na bacia do rio Tocantins, é de causar estranheza atravessar o rio Araguaia com as águas pela cintura.

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Para tanta beleza, faltou somente a máquina fotográfica, o violão e o Repelim (ggrrr….). Para quem é tão esquecido [;)], ficou até de bom tamanho.

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O único pesar foi um toco. Sim, tinha um toco no caminho.

A primeira manhã estava radiante. Uma variante de futevôlei na praia prometia. O mais compenetrado e eficiente gandula esperava ansiosamente sua vez para mostrar toda sua habilidade. Habilidade essa que faltava nos demais competidores, dada a distância que a bola foi arremessada em direção ao mato. O gandula, descalço. O toco, escondido na folhagem. Um buraco no calcanhar e alguns litros de sangue, o resultado.

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Depois ainda queriam me usar como isca para pescar piranha, vê se pode.

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As dores e a pouca mobilidade permitida pelo pé dodói não foram suficientes para macular o prazer que as águas do Araguaia podem proporcionar. Aquilo é o paraíso.