Mórbida semelhança

Depois da ignomínia lançada nesse post, provo por a + b que não, não tenho nenhuma aparência com o bruxinho criado pela profícua mente da J. K. Rowling. Repilo veementemente (valei-me, Mestre Gepeto!) qualquer insinuação de envolvimento com magia; afinal, pior que CPI é a expectativa de uma fogueira-torquemadiana moderna.

Abaixo, este anônimo pequeno-blogueiro. Também abaixo, o futuro Mago dos Magos. Qualquer semelhança é mera coincidência.

 Não sou mais bonito que ele?

Taxonomia de Julian Bloom

Um dos primeiros post’s que li no excelente blog do Afonso era sobre a deliciosa e difícil convivência entre os colegas de profissão (esse, especificamente, foi publicado no dia 02 de agosto). Entre aqueles que tem o trabalho desenvolvido de forma essencialmente coletiva, essa convivência ainda é mais ‘turbulenta‘.

Já luto contra a tentação do ócio por quase uma década, sempre em funções eminentemente públicas. Nesse tempo, tenho catalogado muitos coleguinhas que são, hum, trabalhosos. A maior parte de meus pares, no entanto, me deixou uma incontida saudade. Os outros – apesar de serem genericamente ‘outros’ – se subdividem em classes e subclasses numerosas – afinal, o bom é sempre bom; o mau é mau cada qual a seu modo… Resumidamente, consegui vê-los (ah, como em um filme…) em sete tipos especiais:

1. “Sossegado”: Dê-lhe um susto e espere vê-lo gritar semana que vem. Morte súbita como causa mortis é algo impensável. Dialogar com esse tipo é um verdadeiro exercício de paciência. Não raro, aproveita desse aspecto cândido, digamos, para se escorar nos colegas. É mestre em morcegar.

2. “Caladão”: não te explica nada sobre aquele serviço a ser feito, mas olha com bastante interesse seu desenvolvimento. Jamais fala o que pode estar certo ou errado DURANTE O TRABALHO. Quando terminado, receita um punhado de defeitos que aconteceu. Esconde-se sob uma carapaça mal humorada. Nunca espere cooperação desse sujeito.

3. “Curioso”: quer saber de tudo o que você está fazendo. Possui uma curiosidade mórbida. Para quem está de fora, até dá por chefe esse sujeito, tamanha é sua disposição em coletar informações e se inteirar da situação. Geralmente esse tipo é pouco produtivo. Sua energia é gasta basicamente em coletar informações. Se estiver empregado em algum Sistema Secreto de Informação, esse tipinho progride. Como não há tanto emprego na Agência Brasileira de Informações e a CIA ou o FBI ainda não tem uma seção oficial no Brasil, esse perfil floresce com sucesso apenas no serviço público. Agüentem, Barnabés!

4. “Onipresente”: Não há um colega aqui que não se inclua no perfil anterior. Nessa classe está a maioria dos “curiosos”. Os “Oni”, para os íntimos, são bastante espaçosos. Falam muito. Muito mesmo. Inverte o ditado “Pensar pra falar”. Quando esse tipinho falta no serviço ou vai ao banheiro, não é raro todo mundo suspirar aliviado (infelizmente, pessoas com esse perfil faltam apenas em ocasiões raras, do tipo um-míssil-neozelandês-destruindo-a-Ponte-Rio-Niterói. Quanto a ir ao banheiro, parecem ter rins e intestinos espetacularmente flexíveis).5. “Invejoso”: esse tipo aparece em qualquer função. De serviços gerais aos poderosos Conselhos Executivos de multinacionais. Adoram puxar o tapete do colega. Geralmente são também puxa-sacos (vide tipinho nº 4). Prestam muito mais atenção em você do que no próprio trabalho. No entanto, procura ser dissimulado. Como quer crescer à custa dos outros, sempre procura manter sua imagem de bom mocinho. Nos bastidores, porém, sua língua é ferina e seu comportamento é ofídico. Apronta o maior dos rebuliços e ainda tenta passar uma imagem de anjo. Valha-me Deus…
6. “Puxa-saco”: pensa que estar do lado do chefe é o passo fundamental para ser presidente da ONU. Almeja alto. É eficiente. Geralmente tem a antipatia dos colegas. Enquanto está o atual chefe, sua vida pode até estar arrumada. Complica quando chega chefe novo. Mas como esse tipinho muda de time como muda de roupa, em segundos já está puxando saco do novo superior. É a pior forma de se dar bem no serviço.7. “Pessimista”: se você precisa de palavrinhas para deixar de boa sua auto-estima, por favor, fique a quilômetros desse tipo. Avise-o que você ganhou R$5.000.000,00 na loteria, ele te lembrará do enorme valor a ser pago ao Fisco. Lhe dirá ainda que aumentará em 325% o risco de ser assaltado, 560% de ser vítima de latrocínio. Dirá ainda que é uma vergonha alguns concentrarem tanta grana quando existem milhares e milhares de crianças passando fome. Agora, se você deseja converter esse “pessimista” em um bacaninha “otimista”, cede seu prêmio a ele…

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Se identificou algum colega, parabéns. Você é normal. Se conseguiu identificar algum coleguinha em mais de três tipos, agradeça aos céus. Não há limbo adequado como estágio para sua chegada ao paraíso. Despreocupe-se: as chances são remotas de se divertir lá embaixo, mergulhado no lago de enxofre junto com o Coisa-Ruim. Lembranças a São Pedro, OK?

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P.S. 1: a falta de auto-crítica me impossibilitou de identificar outro tipo de colega chato. Os chatólogos provaram, por a + b, que os observadores de chatos são os maiores dessa espécie já encontrados na natureza (e isso que é auto-conhecimento por excelência). Não obstante, foram os últimos a serem catalogados – talvez por absoluta falta de espelho. A tática usada por esse grupo é conhecida como ‘create a scarecrow‘. Sim, um disfarce para a chatice, implícita em quase todas as sete qualidades anteriores. Em doses micrométricas, modéstia à parte.

P.S. 2: Nessa taxonomia, meu amigo Afonso não justifica seu famoso epíteto.

Sim, eu acredito!

Curioso pouco, foi só ver no blog da Dani para ir e fazer o meu teste. Impressionante. Videntes e terapeutas com dias contados…


Como você opera, age, frente aos seus objetivos e desejos:
Precisa de ambiente calmo. Quer libertar-se da tensão, de conflitos e desacordos. Esforça-se por controlar a situação e resolver seus problemas, por um procedimento cauteloso. Tem grande sensibilidade e apurada noção de detalhes.Quer causar impressão favorável e ser reconhecido. Precisa sentir-se querido e admirado. É sensível, magoa-se facilmente se não o notam, ou se não lhe dão tratamento adequado.

Suas preferências reais:
è volúvel e desenvolto. Precisa sentir que os acontecimentos se estão desenrolando de acordo com o desejado, do contrário a irritação pode levar a volubilidade ou a atividade superficiais.

Está tendo dificuldade em progredir; sem disposição para esforçar-se mais. Procura condições mais favoráveis, em que possa evitar quaisquer perturbações.

Sua situação real:
As circunstâncias são tais que se sente obrigado a transigir por ora, se quiser evitar que o isolem do afeto ou da participação total.

Insiste em que suas metas são realistas e apega-se obstinadamente a elas, muito embora as circunstâncias o estejam obrigando a transigir. É muito meticuloso nos padrões que aplica a escolha do cônjuge.

O que você quer evitar:
Interpretação fisiológica: Tensão devida a sensibilidade suprimida. Interpretação psicológica: Delicia-se com o que é de bom gosto, gracioso e sensível, mas mantém a atitude de avaliação crítica e recusa a deixar-se empolgar, a menos que possa garantir absolutamente a veracidade e a integridade. Por conseguinte, mantém controle rígido e alerta sobre suas relações emocionais, já que deve saber exatamente em que posição se encontra. Exige completa sinceridade como proteção contra sua própria tendência para confiar demais. Em suma: Receptividade controlada.

Seu problema real:
Precisa proteger-se contra a tendência para confiar demais, já que julga estar sujeito a ser incompreendido ou explorado pelos outros. Portanto, está procurando uma união de intimidade tranqüila e compreensiva em que possa haver perfeito entrosamento [N. do B.: único porém do teste. Digamos que a análise está com uns três anos de atraso, heheheh].

Trabalha para consolidar sua posição e favorecer seu amor-próprio, examinando sua próprias realizações e as dos outros com avaliação crítica e discriminação científica. Insiste em enfrentar as circunstâncias às claras e inequivocamente.

Mudando de Assunto…

Parte do Mercado Municipal de Floripa foi totalmente destruída por um  incêndio. A Diretoria Executiva Nacional do PT repeliu veementemente qualquer envolvimento com o ato criminoso. “É um caso claro de que a elite está conspirando contra o sucesso do único governo popular que esse país já teve“, disse um dos integrantes da direção do partido, se referindo a recente reportagem da Revista Veja (em sua última edição, o semanário afirmava que foi encontrado material incendiário na sede regional do PT de Florianópolis).

Para o promotor que investiga o caso, trata-se de um fato evidente de queima de arquivo. Delúbio nega, apesar de Marcos Valério ter afirmado que ambos viajaram para o sul pelo menos doze vezes nos últimos seis meses.

A CPI promete ouvir ainda hoje Fernandinho Beira-Mar. Em companhia de seu advogado, promete ruir as estruturas carcomidas da república petista. A delação premiada será utilizada como um estímulo para se chegar mais rapidamente a um desfecho sem pizza.

Perguntado se não havia nenhum perigo para a sociedade com a eventual liberdade de Fernandinho, seu advogado argumentou que seu cliente é um preso político, e logo que a verdade for restabelecida, entrará com um processo a favor de seu cliente contra o Estado por danos morais.

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Parece, mas não é. Só rindo mesmo.

Banda Calypso: uma questão de (bom) gosto?

É bom falar daquilo que gostamos. Ainda mais quando podemos encontrar outras pessoas que poderão ser nossos amigos por afinidade. Quando nós falamos daquilo que não gostamos, nem sempre conseguimos o mesmo feito.

Mesmo correndo o risco de arrumar várias caras feias, falarei do que eu não gosto.

Banda Calypso. Pensei que era só um modismo passageiro do Norte-Nordeste. Mas não. Tá em cadeia nacional mesmo, com dobradinha com o Bruno e Marrone e tudo mais.

E olha que não estou falando nada do ritmo. Nem das letras (muito ruins…). Falo dos vocais.

Joelma. Esse é o nome dela. Parece que faz um esforço tremendo para parecer mais desafinada do que já é. Seu trinado feito em cima de um falsete exagerado dói os tímpanos de qualquer cristão.

Pensando na hipótese da Joelma partir para uma carreira solo (vide exemplo da Ivete Sangalo – êta comparação infeliz…), talvez a Banda Calypso ficasse melhor. Mas parece que o sucesso decorre do fracasso vocal. Tanto é que todas as outras bandas-clones esforçam para se parecer com a banda-mestra.

Numa hipotética seleção promovida pelo Fausto Silva, regras claras devem orientar a seleção de candidatas.

Pensei em algumas. Vejam:

* Empenho em desafinos e falsetes exagerados;

* Pouca vergonha em usar roupas de gosto duvidoso (e em tamanho minúsculo);

* Não possuir nenhum caso de parentes com labirintite. Isso porque a “dança do calypso” exige uma curvada de cabeça (tipo assim… jogando os cabelos para o chão, sabe?) por segundo;

* Exibir orgulhosamente “pneuzinhos”. Se for magra, a candidata nem ao palco sobe.

E aposto que milhares de candidatas aparecerão.

My God!

Como escrever bem em 27 lições

O prof. Zé Henrique Stacciarini, titular de Geografia Humana do curso de Geografia da UFG, é uma figura inigualável. Não há um calouro que não simpatize com o tal professor. Bem humorado, totalmente descomplicado e objetivo, o Zé é “o cara”.

Nos primeiros momentos do ano letivo, o prof. Zé Henrique se esforça para elevar o nível de escrita e de leitura dos novatos. Uma atividade pela qual passei (e acredito que muitos outros) era reescrever notícias de jornais.

Já no final do curso, encontrei um texto muito bacana na internet sobre como escrever bem. Naquele instante, identifiquei o texto com o Zé Henrique. Depois de entregá-lo, tal foi minha surpresa ao vê-lo no apostilão semestral básico que o Zé deixava na copiadora…

Como há muito tempo que esse texto está no meu pc, não sei identificar a fonte. No site do Humor Tadela (www.humortadela.com.br) há um texto muito parecido, mas infinitamente menos engraçado que esse, transcrito abaixo:

1. Desnecessário fazer-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, conforme deve ser do conhecimento de V.Sa. Outrossim, tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.

2. Evite abrev., etc.

3. Anule aliterações altamente abusivas.

4. “não esqueça das maiúsculas”, como já dizia carlos machado, meu professor lá no colégio santa efigênia, em salvador, bahia.

5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.

6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.

7. Estrangeirismos estão out, palavras de origem portuguesa estão in.

8. Seja seletivo no emprego de gírias, bicho, mesmo que sejam maneiras. Sacou, galera?

9. Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa merda.

10. Nunca generalize: generalizar sempre é um erro.

11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar repetitiva .A repetição vai fazer com que a palavra seja repetida.

12. Não abuse das citações. Como costuma dizer meu pai: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.

13. Frases incompletas podem causar.

14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes, isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.

15. Seja mais ou menos específico.

16. Frases com apenas uma palavra? Corta!

17. A voz passiva deve ser evitada.

18. Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação

19. Quem precisa de perguntas retóricas?

20. Nunca use siglas desconhecidas, conforme recomenda a A.G.O.P.

21. Exagerar é 100 bilhões de vezes pior do que a moderação.

22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evita-las-ei!”

23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.

24. Não abuse das exclamações! Seu texto fica horrível! Sério!

25. Evite frases exageradamente longas, por dificultarem a compreensão da idéia nelas contida, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.

26. Cuidado com a corressão da ortographia, pra não estrupar a língua.

27. Seja incisivo e coerente. Ou talvez seja melhor não…