A grande quantidade de flores em embaixadas britânicas do mundo inteiro me fez pensar em como sou frívolo e superficial. Não deveria mandar alguma? Foi com amargo na boca que vi a cena. Já suspeitam de mais de sete dezenas de vítimas no atentado.
O terrorismo é o mal do século XXI. Essa idéia já vem ganhando adeptos na grande imprensa. A repetição por indefinidas vezes faz a frase ficar verdadeira. Nem ao menos passa em nossa cabeça alguma outra visão diferente a respeito do terror.
Passo, pois, a procurar no dicionário. E lá está a definição:
Terrorismo sm. Modo de coagir, combater ou ameaçar pelo uso sistemático do terror.
Terror sm. 1. Estado de grande pavor. 2. Grande medo ou susto.
Assim definido, pensemos em duas situações prováveis:
Situação 1: jornais estadunidenses noticiaram que a Al Qaeda estava interessada em atacar alguma cidade do interior do país de Tio Sam. Boa parte da população ficou com os nervos à flor da pele. A paz real recebe a intromissão de algo estranho, incômodo.
Situação 2: desde a invasão do Iraque, explosões violentas se tornaram comuns. No medo presente e real, paz é algo sonhado, utópico.
Em uma das situações, o terror se manifesta com mais força. Mas nossa sensibilidade contraria nossa razão. Choramos pelo terror em menor proporção.
Vejo mães, filhos e amigos chorando as vítimas na Inglaterra. Num esforço, tento imaginar quantas centenas de órfãos e de pais desesperados as imediações do Eufrates e do Tigre tem conhecido. Sem nenhum tipo de cobertura da nossa independente imprensa, o esforço fica só na imaginação mesmo.
Comprarei flores. Os iraquianos merecem. A sanguinária ditadura de Saddan, a bárbara invasão ianque e a estupidez da violência dos rebeldes no Iraque mostram onde, de verdade, estão os apavorados pelo terror. Aproveito as lágrimas brotadas pelos atentados londrinos para chorar pelos iraquianos.
Maktub!
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