O fim do mundo? O Relatório IPCC/ONU

Quando criança morria de medo do fim do mundo. Entre a molecada, havia aquela história misteriosa do cataclismo apocalíptico no ano 2000. Por aqueles tempos, havia o perigo nuclear iminente (‘sabe quantas vezes o mundo pode ser detonado só com as ogivas nucleares?’) e um aceno para a globalização das preocupações ambientais. Daí veio informações em massa da camada de ozônio. Efeito estufa. Ilhas de calor. Noticiários de poluição, queimadas, desmatamento. Diariamente.

Com a divulgação do relatório do IPCC/ONU (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas/Organização das Nações Unidas) contendo previsões catastróficas para o nosso planeta, os anúncios apocalípticos são claros. São perceptíveis, concretos. Um sinal de que a sociedade industrial, como a conhecemos hoje, é um projeto insustentável para o futuro. Entre o que o relatório aponta como fato e o que provavelmente acontecerá, não há nenhuma constatação ou previsão que nos deixe otimista.

Abaixo, resumo via UOL:

O QUE JÁ ESTÁ ACONTECENDO:
– 11 dos 12 últimos anos foram os mais quentes da história
– Oceanos absorvem 80% do calor excedente gerado nos últimos anos, ajudando a aumentar o nível do mar
– Montanhas glaciais e geleiras vêm derretendo em ritmo recorde
– O nível do mar subiu 1,8 mm entre 1961 e 2003; entretanto, entre 1993 e 2003, a média de alta no nível do mar foi de 3,1 mm por ano
– Temperatura na região ártica dobrou nos últimos 100 anos
– Desde 1978, a cada década quase 3% da camada de gelo do Pólo Norte derreteu, contribuindo para aumentar o nível do mar
– Nível das chuvas cresceu de forma alarmante nas América do Norte e do Sul, no norte da Europa e no norte e no centro da Ásia
– Secas aumentaram no Sahel, Mediterrâneo, sul da África e partes do sul da Ásia
– Água do mar no hemisfério norte tem ficado mais fria; no hemisfério sul, o grau de salinidade aumentou
– Aumentou o número de dias quentes e diminuiu a quantidade de nevascas e dias de baixa temperatura
– Desde 1970, aumentou a incidência de tufões e furacões no Atlântico Norte

O QUE DEVERÁ ACONTECER:
– Temperatura deve aumentar entre 1,8 º C e 4 º C ao longo dos anos
– Até 2010, nível do mar deve aumentar e, cerca de 59 cm
– Chuvas devem aumentar em cerca de 20% nas maiores latitudes
– Corrente do Golfo, do oceano Atlântico, diminuirá em cerca de 25% durante o século, mas não impedirá aumento de temperatura

De tudo isso, fico ressabiado de que toda a avalanche midiática que virá naturalize o problema, assumindo uma condição fatalista, e, como expectadores, assistamos – além da bala perdida [ou não tão perdida assim…] em nossa direção, já uma coisa factível – o fim do mundo de camarote.

Mobilizemos, portanto: nas escolas, nas ruas, nos campos, nas construções (parafraseando aquela música famosa do Vandré); nos partidos, nos sindicatos, nas igrejas, nas ong’s. Problemas sociais exigem pressão social. Daí, problemas ambientais podem passar de ‘discursos de intenções’ para uma ‘agenda de ação’ na pauta do dia dos líderes de Garanhuns à Nova Iorque, de Tuvalu aos Estados Unidos, do Bar do Zé à Nestlé.

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Há um astrônomo russo afirmando que não é nada disso que todo mundo tá pensando. O calor tá assim por conta ‘da prolongada atividade solar‘. Lunático ou gênio? Considerando toda a pesquisa acadêmica já realizada, é bem provável que uma aposentadoria lhe fará bem. Assim como licenciar seu sobrenome pra qualquer vodka que deixe o indivíduo doidão, contradizendo evidências e fatos quase consensuais.

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Excelentes discussões sobre o tema em Faça a sua parte. O banner vai pra lateral já, já. Assim que eu descobrir como…

8 Comments

  • […] O fim do mundo? – Juliano Rosa, blogradouro. […]

  • eliara

    fevereiro 4, 2007 at 16:15

    oi, meu nome é eliara e publiquei um texto seu sobre o aquecimento global no meu blog.
    Tá muito legal, viu?

  • Allan

    fevereiro 4, 2007 at 17:43

    A mais das otimistas das previsões confirma que “a sociedade industrial, como a conhecemos hoje, é um projeto insustentável para o futuro”, e que, se não mudarmos tudo e rápido, a consequência pode ser o fim da humanidade. Tenho a secreta esperança de a previsão estar errada, e nossa progênie se mostrar mais competente do que temos sido no gerenciamento da catástrofe. (Aliás, mesmo que o fim da humanidade fosse inevitável, estou certo de que faria falta uma liderança para conferir dignidade e tranqüilidade socráticas no momento supremo.)

  • Allan

    fevereiro 4, 2007 at 17:56

    Em tempo:

    1)Vá até o blog: http//:facaasuaparte.blogspot.com;

    2)No lado direito, na seção “Divulgue”, clique sobre “Clique aqui para ver os tamanhos e instruções.”;

    3)Escolha o selo que mais lhe agradar;

    4)Clique na tag logo abaixo do selo escolhido, com a tecla direita do mouse e clique em “copiar”;

    5)Vá no template do seu blog e escolha onde você quer colar o selo (pode ser logo abaixo do selo do extremetracking, por exemplo);

    6)Clique com a tecla direita do mouse no local escolhido e clique em “colar”;

    7)Salve a modificação do template e a operação estará completada.

    🙂

  • Juliano

    fevereiro 5, 2007 at 17:03

    Obrigado, Allan!

  • A melhor notícia do ano : mude o mundo

    fevereiro 21, 2007 at 05:06

    […] O fim do mundo? – Juliano Rosa, blogradouro. […]

  • André Luiz Israel

    agosto 25, 2007 at 19:35

    Queimadas e mais queimadas, hoje mesmo um terreno baldio na minha rua
    pegou fogo.
    Aonde chegaremos? Assim como diz a Biblia as trombetas serão tocadas
    Será que elas ja nao estao sendo tocadas??
    O próprio Isaac Newton previu o fim do mundo para 2060. Daqui até lá as
    coisas serão bem difíceis até o desfecho final.
    Nostradamus pregou “de 2000 nao passará”
    O segundo milênio vai ate 2999. Com certeza
    ele acerou.
    Fiquem com Deus.

  • Mauricio

    novembro 21, 2007 at 10:30

    Caro Juliano e demais colegas, apesar do tom apocalíptico, bastante
    apropriado para uma sociedade que se diz racional ou pós-moderna, mas não
    deixa de lado a cultura cristã, creio que seja importante atentarmos
    para os argumentos de pesquisadores e outros observadores do mundo
    sem desqualificar seus autores. São muitos os argumentos que afirmam
    os males da atividade humana sobre o planeta, mas a histeria não pode
    se sobrepôr a nossa capacidade de diálogo com todos (ou quase) os
    argumentos sobre o assunto, mesmo que eles sejam contrários ao que
    pretendemos afirmar.
    Um abraço
    Mauricio

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