Desenvolvimento e independência

No sete de setembro, foi recorrente a publicação de textos veiculando a situação de dependência ao subdesenvolvimento. Desses, um dos últimos (concordando ipsis literis) se encontra no Longe Demais.

Nos longínquos anos do ensino fundamental, acompanhei a substituição de uma geografia tradicional – bem retrô e cheia de decorebas – por uma geografia crítica (que, ao que parece, continua sendo surpreendentemente mnemônica). Contaminados por um marxismo torto, não era raro encontrar explicações um tanto que heterodoxas sobre as relações entre os países. Para explicar a existência de países subdesenvolvidos e desenvolvidos, a fórmula ‘países explorados e países exploradores’ saía da manga, e, como uma mágica, tudo estava explicado.

Nesse contexto, acusar os EUA de ser o explorador-mor, nosso algoz, era um passo. Diabolizá-lo ia de brinde. Como se o Estado americano fizesse curvar – por seus próprios interesses – o Estado brasileiro.

(Não pretendo prolongar sobre o conceito usado nesse post para Estado. Se eu dissesse que lá o Estado é representado pela burguesia [BINGO!], deveria reconhecer que aqui também é. E seria interessante uma burguesia explorando outra burguesia. Ou sei lá.)

Yves Lacoste, há mais de trinta anos, falava já sobre esse fenômeno. O capital hoje é transnacional e que, como tal, não respeita fronteiras nacionais. E mais: essas relações desiguais só existem porque a minoria privilegiada nos países pobres é parceira dessas mega-empresas.

Militarmente, não há dúvidas. Os EUA são o maioral, a ponto de peitar resoluções da ONU e se lançar numa guerra contra a opinião de todo o mundo. Já economicamente, a correlação de forças não permite o Estado americano se isolar do mundo. Isso: a maior potência do mundo é dependente, como muito bem lembrou Edk.

E se alguém mesmo deseja que nosso país tupiniquim seja um país realmente independente, nesses termos, lance a idéia da nacionalização das empresas estrangeiras – e reze para que os produtos brasileiros alcance o mercado mundial. É melhor retórica vazia e aplausos, não?


Sociologia de botequim acaba aqui. Estou distante 256 km de casa, a Lan-House vai fechar e eu estou muito cansado.


Sete de setembro foi um excelente dia para o contador do blog. Registrou 57 visitas. Troquei até o Extreme pelo SiteMeter, na esperança de continuar com tanta visita. Grande bobagem. Graças ao ‘Nós na Rede’, fui linkado pelos maiores figurões da blogosfera brasileira. Aí, tudo dá certo, não?

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