Luz, silêncio!

–> “Luz silenciosa” é um aclamado filme do diretor mexicano Carlos Reygada.

–> A história se desenrola numa pequena comunidade menonita no norte do México.

–> Johan, o protagonista, casado e pai de cinco (ou seis, ou sete, não me lembro mais) filhos, se deprime ao descobrir-se apaixonado por outra mulher.

–> O silêncio predomina no filme. Longas tomadas em que, desativado o silêncio, fica o agressivo barulho das máquinas ou dos animais domésticos.

–> O filme é de uma poesia estranha, uma espécie de poesia-que-não-quer-ser-poesia. O longo beijo entre Johan e sua amante não é explosivo, não é luminoso. A dor substitui o calor da paixão.

–> Frase bárbara do filme: “a paz é mais forte que o amor”.

 

“A paz é mais forte que o amor”. Estaria Marianne, a amante, correta? Para a resignada comunidade menonita, sim, a paz era mais importante que qualquer arroubo juvenil. Na espiritualidade fechada e reclusa dos menonitas, o amor de Johan era pecado. Johan, imerso em culpa, não consegue se livrar da amante e nem ficar longe da família. Choros convulsivos comprovam sua dor. A bucólica comunidade se torna sufocante e faz de Johan um pária, um estrangeiro, um alienígena em seu próprio chão. O tempo é uma bela metáfora: assim como o alvorecer e o anoitecer pontuam o inicio e o final do filme, seu desenrolar se dá sincronizado às quatro estações: da paixão primaveril de Johan ao rondar invernal da morte. Personagens demasiadamente humanos marcam essa história que, ao final, traz algo de sagrado em meio a tanta culpa pelo amor alçado a profanidade. Para assistir outra vez.

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