Ela se julgava boneca inflável. Não era. Imaginava que se comportava como, mas seu dono estava possuído por fantasias. Ela correspondia, voluntariamente ou não, aos estímulos recebidos. “Sou uma boneca, eu sou”, insistia. Indiferente, o proprietário se desmanchava em prazer. Não, não era uma boneca inflável. Bonecas são estáticas, frias. Bonecas não seduzem e não são seduzidas. Bonecas não reagem a estímulos. Bonecas não convencem seus amantes de que não são bonecas.
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“Boneca inflável” (2009) é um filme japonês aparentemente despretensioso. Carregado de metáforas, é uma história surreal de uma boneca inflável. É uma verdadeira poesia em imagens. Reflexão sobre os limites da solidão e da efemeridade da vida, “Boneca inflável” não permite indiferença a quem assiste. Única ressalva ao final bizarro, que assusta quem não é familiarizado com o cinema japonês.

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