Desejo, logo me frustro

A morte da atriz Leila Lopes, largamente noticiada, rendeu alguns comentários interessantes no rodapé de algumas reportagens da Folha Online sobre o tema. Em relevo, a solidão do homem moderno, a busca pela aparência e a futilidade das relações humanas.

A grande marca da humanidade hoje é, talvez, um permanente estado de anseio (futuro) e descontentamento (presente), manifestado em qualquer classe social. O foco da vida se reduz no desejo e na sua consequente satisfação. O resultado, já se sabe, é a frustração: ou por ter conseguido e ver que aquilo não era tão assim, ou por não ter logrado êxito e, por essa razão, se sentir a mosca no cocô do cavalo do bandido.

Sobra-me uma conclusão piegas, porém verdadeira: a vida, por pior que seja, ainda é melhor do que a outra alternativa.

Insight

De vez em quando, sinto enorme prazer em ser um irresponsável. Aflora um desejo incontido de mandar as favas, chutar o balde, descer o sarrafo no pé da mesa.

Mas é só de vez em quando.

Retorno…

Pois bem, o último post foi para dizer que, enfim, eu voltei, depois de muito tempo. Tempo, aliás, pouco produtivo, uma vez que não terminei ainda minha pós-graduação.

Mas estamos na parada, dando mais um fôlego a essa vidinha virtual, modalidade blogueira.

O dia das coincidências felizes

Bem, o fato de acordar às 08 horas em pleno domingo, sem auxílio do despertador, telefone tocando ou algum desavisado apertando o botão errado do interfone me deixou com a expectativa de um dia bom.

Lembrei-me de Felipe Massa. Já estava grogue com a forçação de barra da Rede Globo. Pôxa, o cara tem que vencer e torcer para que o genial Hamilton não chegue em quinto lugar? Bah… Mas, enfim, o dia alegre até que me deixou esperançoso. Felipe será campeão.

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Fazendo companhia até a rodoviária de Brasília à minha digníssima, que viajaria hoje para o interior de Goiás, resolvemos almoçar no Conjunto Nacional. Um papilote na cabeça, quando já estávamos na praça de alimentação do shopping center, fez-me desconfiar que fui descoberto em meio a multidão. De fato: surpreso, pude ver um amigo que não via mais de ano. Veja só a coincidência: o cara, servidor do IBAMA, sai do Tocantins, vem a Brasília fazer curso e, em meio a multidão, a gente se encontra.

Pois bem. Conversa vai, conversa vem e, na mesa a nossa frente, três rapazes espadaúdos se sentam. E daí eu imagino que conheço um deles. Tento nos arquivos recônditos de minha falha memória e – tchan – uma foto do orkut aparece. É o Edkallen, meu amigo acreano. Só pode.

Tirada a prova dos nove, sim era ele. Estava – vejam só – fazendo um curso aqui em Brasília oferecido por sua renomada instituição.  Disse-me que achava que eu fosse maior, e tal. Foi gentil: poderia dizer que nunca, na história desse país, viu um rapaz abaixo dos trinta anos com uma saliência abdominal tão grande. Essa é a vantagem do orkut e do photoshop, amigos. 😉

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O blog entrará em recesso – um longo período de hibernação. Talvez até volto com outro projeto, destinando esse espaço para um site e movendo o blog para um outro lugar. Já o motivo da pausa é nobre: devo finalizar a pós-graduação antes que ele acabe comigo. Como legítimo brasileiro, andei brincando com os prazos e me dei mal. E papai quer ter um doutor o quanto na antes na familia…

Se esse espaço estava tão subutilizado, tão meia-boca, o tempo que sobrará para a internet será insuficiente para alimentá-lo de pequenas bobagens. Se houver tempo, desempenharei a nobre função de comentarista em blog alheio.

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E Felipe não foi campeão – por um beiço de pulga. Mas isso já era esperado, não?

É proibido folhear!

Acredito que seja uma das manias mais comuns daqueles que compram livros: folhear o material, conferindo o índice se a beleza do título é confirmada pela discussão temática no miolo do livro.

Pegar, manusear, sentir as páginas, conferir a tipologia das letras… pode até parecer algo simplório, mas é isso que me motiva ficar horas e horas sentado ao pé de uma estante, indeciso como bom libriano, escolhendo o que devo ou não levar. E isso, infelizmente, não acontece em um processo natural de aquisição de um livro nas livrarias virtuais.

Mas essa desvantagem das livrarias virtuais pode ser minimizada, como a Editora Contexto demonstra. Os livros editados e postos à venda no site da referida editora têm, on-line, o sumário e trechos em arquivos pdf.

Copiem, editoras e livreiros, copiem.

Idiossincrasias

Posso parecer preconceituoso, mas vejo algo que inusitado quando encontro uma nutricionista obesa, um psicólogo destemperado ou um político grosso. Coisas da vida – esta incoerente e irracional?

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Disse hoje, para um amigo intelectual a enésima potência, que não gosto de Foucault. Uma bobagem. Mesmo se isso fosse verdade – não é! -, eu não teria tantos argumentos para justificar minha posição. Efetivamente, para efeito do curto debate, os olhos arregalados do debatedor me disseram que fui feliz… Uma provocaçãozinha besta é sempre bem-vinda, não?

Pra constar, então, citação do dia, da caneta do gênio francês:

“é preciso a cada instante, passo a passo, confrontar o que se pensa e o que se diz com o que se faz e o que se é.

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Mais um indicador para acúmulo de experiência: debates polêmicos longos são infrutíferos. Cada qual recrudesce sua posição, arma trincheiras de incomunicabilidade entre os argumentos distintos e logo a razão sai de mansinho, dando lugar a manifestações emotivas, pessoais e, em última instância, agressivas.

Soma-se ainda o aparecimento de grupos que admitem – de pés juntos e sagrados juramentos – a excelência da democracia na gestão do debate.  Desde que, complementam implicitamente, minhas excelentes idéias prevaleçam sobre a mediocridade da maioria. Se a maioria não está conosco é por falta de amadurecimento no debate, ou porque não compreenderam tão falhos – e fracos – são os argumentos defendidos, ou, ainda, porque nem sempre a maioria tem razão. Enfim.

Desses iluminados eu tenho medo.

Falhos

Criamos heróis desde a mais tenra idade. São eles nossas fortalezas, nossos exemplos. Para muitos, os pais encarnam perfeitamente esse personagem. Mas pode, também, ser um amigo ou parente sensato, sábio e de decisões sempre acertadas. Ingressamos na vida adulta e, mesmo calvo por saber que enquanto seres humanos todos estamos passíveis ao erro, a fragilidade dos nossos heróis nos perturba. O modelo de integridade, ao descer ao pó por ações vis, nos lembra que a humanidade está coberta até a raiz do cabelo pela falha potencial e que sua manifestação expõe, também, nossas mesmas fraquezas.

Lição do dia? Conjugue o verbo errar, setenta e sete vezes.

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Mas se a multidão hoje escutasse um Cristo dizendo “quem não tem pecado que atire a primeira pedra”, diante de qualquer adúltera, ia faltar pedra no mundo. Estranhamente, há mais juízes que réus em um universo onde ninguém pode se vangloriar por ter uma reputação ilibada. Somos maus, moçada.