Marés de azar

Sandra, semana passada, descreveu uma sucessão de ‘tragédias’ na vida de um conhecido. Comentei a propósito do Complexo de Pollyana (‘Estou com uma perna quebrada… ainda bem! Já pensou se fossem as duas?’), mas, quando temos notícias de sorte ou revés, fazemos automaticamente comparações com nossa própria vida.

Daí fico pensando em quanto, em determinadas situações, nos somos ingratos com a nossa própria vida, preocupados com coisas que não merecem tanta ansiedade. É o meu caso. Profissionalmente, alguns fatos que não considerava prováveis de acontecer, aconteceram. Os últimos dois anos não foram bons. Fui barrado na seleção de pós-graduação (em duas ocasiões) por uma professora ‘star’ e, nessa semana, tive, pela primeira vez em oito anos, um resumo de pesquisa recusado por um congresso científico nacional, com oca justificativa.

Mesmo com a sensação nada agradável do título de associado ao ‘Loser’s Club’, vejo que meus problemas são, por um determinado ângulo, irrisórios. Não merecem, portanto, um único menear de cabeça.
Que a vida continue.

Hiato

Poderia dizer que foi falta de tempo. Ou de criatividade. Ou excesso de preguiça nos intervalos de muito trabalho. O que seria mentira, já que – hoje vejo – não foi nada mais nada menos que tudo isso aí reunido.

Enfim, querido mundo internético-bloguístico, cá estou novamente.

S. Sheldon (1917-2007)

Sidney Sheldon foi um dos primeiros autores que tive o interesse pelo conjunto da obra. Devia ter uns treze, catorze anos. Fiquei impressionado com ‘O outro lado da meia noite’ e ‘A outra face’, minhas duas primeiras leituras do autor estadunidense. Em seguida li ‘Escrito nas Estrelas’, ‘Um estranho no espelho’, ‘A ira dos anjos’, ‘Nada dura para sempre’, ‘O reverso da medalha’. Interrompi a seqüência quando li ‘O ditador’, um livreco muito ruim.

Dia desses apareceu aqui em casa, patrocinado pela primeira-dama, ‘Quem tem medo de escuro’. Não me fez mudar o conceito de Sheldon desde minha última leitura. Há um abuso do diálogo composto por frases curtas – um horror – além da previsibilidade das ‘surpresas’.

Pra muita gente, nada disso importa. Taí os mais de trezentos milhões de livros vendidos me dizendo isso.

2007

Resoluções para o ano novo? Não, não. Apenas um sincero desejo de que esse 2007 seja melhor que os dois anos anteriores.

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Não consegui acessar o Youtube. Pensei que fosse problema na conexão, ou vírus no computador. Por fim, deixei de lado, resignado: era só uns videozinhos bestas mesmo.

Desgraçadamente, o problema foi mais sério. A despudorada Cicarelli, agora mocinha corada, conseguiu a proibição do acesso ao site por internautas brasileiros. E daí um problema que era só dela passa a ser um incômodo nacional.

Nunca uma, er, brincadeirinha atrapalhou tanto a diversão dos brasileiros.

Logotipo bastante apropriado, via Um bicho de Rondônia. Teo Victor, o dono do blog, também apresenta formas de burlar a proibição aqui e aqui. Interessante.

Historinha verde-amarela de natal

Papai-noel substituiu o vermelho por outra cor, indefinida, para proteger sua identidade. O calor excessivo lhe impediu de usar as renas. O andar constante desse fim de ano fez desaparecer sua enorme barriga. Isso foi bom, uma vez que, no Brasil, não há tantas chaminés confortáveis. O acesso a casa foi mais difícil. Depois de muita vigilância, descobrir os momentos de ausência do vigia (com seus expedientes ocasionais…), driblar cercas elétricas, isolar o cão da família. Vencido os obstáculos iniciais, papai-noel abandonou a doçura. [‘Brasileiro não facilita pra gente’ é uma de suas queixas mais comuns ouvidas do seu enorme depósito de presentes.] Do seu saco quase vazio, retirou uma serra, quebrou todos os vidros da janela da cozinha e pôs-se a cortar as barras de metal. Ágil, conseguiu abrir passagem em pouco menos de quinze minutos. Dentro da casa, não encontrou nenhum presente no saco, amaldiçoando a incompetência de seus auxiliares. Apurou o olhar e não viu, no entanto, sequer árvore de natal para depositar os presentes. ‘Que falta de espírito natalino’, pensou, mais consolado. Preocupou-se, por um momento, com o saco vazio. De repente, em um estalo, uma idéia lhe apareceu. Inconformado por não ter pensado nisso antes, começou a recolher objetos de valor (e carregáveis). E assim termina a história, com a inusitada transformação de papai-noel em um estranho Robin Hood – que surrupia dos pobres para vender para pobres. A preços módicos, evidentemente.

~*~

Bem que poderia ter deixado meu saxofone e minha coleção de DVD’s.

U-rru!

De férias, oficialmente. Do blog também. Só não dos comments em blogs amigos (presença ocasional, uma vez que internet não estará mais inteiramente à disposição). Então, feliz natal e próspero ano novo a todos.

Privacidade no Orkut? Nem na morte

Conheci Paula Vitoria em 2002. Uma boa menina, bonita, inteligente, adorável. Devia ter treze, catorze anos. Era uma das melhores alunas da sétima série. Findado o ano, Paula trocou de Colégio e nunca mais a vi. Ontem, folheando jornais de dias anteriores no trabalho, encontrei seu nome. Acidente automobilístico horrível. O nome me ligou imediatamente a pessoa. Tentei achá-la no orkut. E sim, era ela, infelizmente.

***

De tantas reflexões filosóficas sobre as razões da vida e da morte, ficou-me uma questão menor: a violação de privacidade na vida – e na morte – proporcionada pelo Orkut. Em vida, os abelhudos e fofoqueiros de plantão são o problema. Na morte, são [perdoem-me o palavreado] uns filhos da puta sem noção (fakes, geralmente coletando informações em uma mórbida comunidade) que invadem scrapbooks para agredirem gratuitamente a memória e os sentimentos da família do finado. Antes, deletar recados imediatamente resolvia; agora, é ideal revelar a senha para três amigos, no mínimo, para deletar sua conta post mortem e preservar os seus conhecidos e parentes de um ataque de nervos.

Essa invençãozinha turca tá perdendo a graça.

Embevecido

Juliano, Jujuba, Ju.
A qual dos três devo desejar um dia mágico?
Juliano, blogueiro, homem.
Ju, amigo, garoto.
Jujuba, alegre, moleque.
A mágica é hoje. É agora.
Faça dela seu ponto, seu porto, sua paz.
Seja criança, garoto, adulto.
Sério, feliz.
Inocente, capaz.
Tenha felicidade, meu amigo.
E se ela não vier até você
Corra, o mais rápido que puder, atrás dela.
Tenha um dia lindo. Você merece!

Obrigado, Sandra!

O tempo

“Teoricamente, sabemos que a Terra gira, mas nós não percebemos: o solo que pisamos não parece mexer-se e vivemos tranqüilos; o mesmo acontece com o tempo de nossa vida.”

Marcel Proust