Viagens

As viagens oficiais podem ser um bom indicador da importância dos barnabés. Enquanto alguns se divertem comprando sapatos uruguaios e alfajores portenhos, outros se embrenham pelos mais recônditos lugares da hiléia brasileira.

***

Uma semana fora de casa e trabalhando os três períodos é de amansar qualquer jacaré-açu.

***

Gangue invade o colégio e mata um garoto. Notícia de cidade grande ocorrida em uma das centenas de vilinhas emancipadas do norte do país. Se sua cansada epiderme urbana imagina o interior brasileiro como algo paradisíaco, esqueça.

***

Caso queira curtir o feriadão às margens do rio formador da maior ilha fluvial do mundo, a hora é agora.

Só não esqueça o Repelim, por favor.

Eu tive um sonho

Os candidatos foram Alckmin, César Maia, Heloísa Helena e, claro, Lula. Parte considerável dos tucanos apoiou o prefeito carioca. A Heloísa quase conseguiu, mas pequena margem de votos colocou Maia no segundo turno, apoiado nesse round por todos os outros partidos de oposição. A derrota do PT foi acachapante.

No Congresso, Fleury se destacava como líder do novo governo. Em companhia de gente de outras lutas, propôs um pacote de medidas visando atacar os bandidos brasileiros. No pacote, dois previsíveis referendos: um pela redução da maioridade penal para catorze anos; o outro visava oficializar a pena de morte no Brasil.

O mais polêmico, porém, foi o projeto aprovado do Bolsonaro intitulado ‘Para cada cidadão, um revólver na mão’. Acordo bilionário entre o novo governo e a Taurus possibilitou a venda de armas a preços populares para gente de bem. Ticket’s munição eram doados junto com cestas básicas, permitindo qualquer pessoa comprar balas em supermercados credenciados.

O sonho acabou no momento em que eu colocava a plaquinha ‘Aqui mora um cidadão de bem’ no muro aqui de casa. Lembro ainda que um grupo de mendigos deitados na calçada saiu em disparada. Estavam pálidos e com os olhos arregalados.

Velinhas

Hoje, motor 2.6. Turbo por tempo ilimitado. Como se fosse novo, OK?

***

Em 1995, o eufórico então presidente do Flamengo, Kleber Leite, montou uma badaladíssima equipe. A ambição era comemorar o centenário do time com muito champanha. Treinado por Wanderley Luxemburgo, o ‘ataque dos sonhos’, composto por Romário (eleito melhor do mundo em 1994), Sávio e Edmundo, não impediu o pesadelo da campanha flamenguista. Por pouco o time não cai para a segundona.

***

O ano era o de 2000. O ministro do turismo Rafael Grecca anunciava uma majestosa comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Até uma réplica da nau de Cabral foi construída. Usando moderna tecnologia e consumindo quatro milhões de reais, a nau Capitânia mal conseguiu fazer o trajeto entre Salvador e Porto Seguro. Não demorou muito para o ministro ser demitido.

***

Em 2005, o Partido dos Trabalhadores tinha tudo para comemorar as bodas de prata. Vinte e cinco anos após sua fundação, o PT tornou-se o primeiro partido de esquerda na presidência do Brasil e o maior na Câmara dos Deputados. Os acontecimentos dos últimos quatro meses foram suficientes para deixar a estrela com um brilho opaco e o salão de festas sem luz.

***

A revista Caras bem que insistiu na comemoração do vigésimo sexto outubro desse escriba em sua famosa ilha. Os exemplos acima foram mais que suficientes para meu sonoro não. Badalação, flashes, euforia… isso parece trazer uma bruta ‘urucubaca’ a qualquer festejo. E nem precisa ser fracassomaníaco. É só um pouco de prudência. Coisa de matuto mesmo.

UPDATE (19h20): doce surpresa (literalmente) na repartição. A imagem trêmula é testemunha da emoção do fotógrafo-aniversariante. Vai um teco?

Depois do texto de ontem do Ronzi, devo explicações sobre a cor rosa do bolo. 😉

A confeiteira conhece todos os servidores do prédio. No meu departamento existem dois ‘Jus’. Uma, a Ju, e um, o Ju. Razão da confusão, então. Bem explicado, né?

A contrario sensu

O debate no Roda Viva, da TV Cultura, estava sendo anunciado durante toda a semana que se passou. Para os indecisos, uma excelente oportunidade de ver confrontado os principais argumentos das frentes pelo SIM e pelo NÃO à proibição da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil.

Eu tentei assistir. Sério mesmo. Depois de ver o dep. Alberto Fraga, presidente da Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa, assinalar que a proibição é um projeto do governo federal (sic!) e que talvez a próxima proibição será o uso de automóveis no Brasil (rá, rá, rá, rá.), não tive dúvidas. Voltei para “Carga Explosiva”.

[São deliciosos esses filmes de ação. A arma nunca mata homens de bem. Ou quase nunca. Se há armas em jogo, o final é sempre feliz. Por isso que adoro a ficção.]

Fiz uma segunda tentativa, entre uma parte e outra do filme. Nessa, assisti o mais midiático geógrafo da era pós-Milton Santos, Demétrio Magnoli, dizer que sua opção pelo NÃO era política. Certo, melhor voltar para o filminho da Globo mesmo.

Na verdade, o que acontece é que os meus cansados olhos e ouvidos estão desejosos de estarem em qualquer lugar, mas com tempo definido: depois de 23 de outubro.

Nesses últimos dias, participei de chats, fóruns e de algumas caixas de comentários. Incrível como esses ‘debates’ são parecidos com estéreis discussões religiosas. Em sua maior parte, os argumentos, por mais coerentes que sejam, são tão eficientes quanto malhar em ferro frio. Tanto de um lado quanto de outro. As convicções inabaláveis e inflexíveis se sucedem. O silêncio nas réplicas e nos comentários dos post’s equivale à discordância. E haja tortuosidade e má-fé entre os debatedores e argumentadores.

A propósito, esse blog não publica mais nada a respeito desse referendo até domingo. A julgar pela hesitação em comentar no excelente post de ontem do Biscoito, a decisão se estende também para as caixas de comentários.

Além das CPI's


Camilla Amaral, ex-assessora de imprensa da senadora petista Ideli Salvatti.

Katrina’ Somaggio deve estar morrendo de inveja. A exuberância de Camilla Amaral deixa Karina com uma beleza semelhante aos efeitos do furacão-quase-homônimo. E é também mais comedida (ou com medida?). Segundo fontes confiáveis, o cachê pago pela Playboy foi de R$ 300.000,00. Módicos trezentinhos. Míseros, comparados com os dois milhões pretendidos pela ex-assistente do carequinha.
Essa diferença de honorários é uma prova inconteste de que Karina era apenas uma franguinha ‘de granja’ em acesso megalomaníaco, se achando o último chester em véspera de natal.

A propósito, a sessão Andy Warhol continua.

Quase…

Tive um mal estar súbito (não, nada que lembre ‘morte súbita’). Um apagão. Pausa no sistema nervoso.Resultado? Uma queda, quatro pontos no supercílio e um maxilar superdolorido. O médico suspeitou de hipoglicemia ou conseqüência do stress diário.

Gostaria que os exames confirmassem a primeira suspeita. Seria ótimo escutar “coma muito doce”… Mas acho que é efeito de stress mesmo. Houve semanas em que contabilizei 60 horas trabalhadas.

(Ficaria feliz em saber o que meu colega Claudimir, professor de Matemática do Colégio Ômega, faz para sobreviver às 64 horas semanais rotineiras de trabalho.)

Mas, enfim, procurarei ter uma vida mais light a partir de agora. Sem horas extras, sem preocupações adicionais. O que tiver de ser, será.

Humpf!

Em conversa com uma apreciada amiga poetisa, concluimos que os poemas fluem em maior naturalidade quando o poeta passa por momentos de sentimentos intensos. Muito feliz ou muito triste, eis os estados ideais.Queria que fossem estimulantes também outros estados. Nojo. Horror. Cinismo frente a tolices. Ironia frente a futilidades. Sarcasmo frente a ignorância e burrice (viva Nietzsche!).

Mas parece que, com esses sentimentos, qualquer poema fica travado. Somente poetas de qualidade sabem filtrar esses estados de espírito. Quem não sabe, desiste de escrever poemas irônicos. Quem não sabe, prefere escrever bobagens. De preferência em blogs.

Eis o caso. É isso aí.

Regras?

Um dia radiante nem sempre é sinal de dia feliz. A mesma coisa acontece com os dias chuvosos.

As regras fazem isso: simplificam as coisas. Mas deixam mais torto o caminho, mais áspera a caminhada.

A regra era: blogar sempre quando puder.

Como viram, não a segui. E fiquei muito feliz por isso. Não gosto de regras. Regras deixam as pessoas exageradamente seguras.

O executor de regras vira um autômato. Não tem vida própria. Faz apenas o que a regra manda. Porque? Não sabe. Apenas cumpre. Calado. Submisso. Obediente.

Como nesses últimos dias tem virado minha regra não blogar, estou aqui para transgredi-la. Sim. Volto a ser feliz novamente. Transgredir de vez em quando é bom, não? Principalmente sabendo que minha transgressão não altera a sua vida, nem a do seu primo, nem a do teu planeta.