Picaretagem

Muitos blogs por aí (Sedentário, Um passinho a frente, Brainstorm9, Zebra da hora, Blog do Rovai – entre outros)  já divulgaram a excêntrica campanha do candidato a deputado federal Jeferson Camillo, do Partido Progressista (SIC!) de São Paulo. Tratam-se de diversos vídeos com conteúdo sexual, de um lado, e um “jingol” (SIC!!!) evangélico, de outro. Algo como acender uma vela para Deus e outra para o demônio, sei lá.

O que poucos lembram é que o indivíduo desejoso de se tornar um ilustre deputado participou de uma farsa que alcançou os noticiários nacionais (veja aqui no JB, O Globo e Terra). Em 2009, um tal Instituto Gomes Pimentel premiava mais de cem instituições de ensino. À época, noticiou-se que o prêmio saía por até dois mil reais. Isto é, as instituições de ensino – muitas delas medíocres –  pagavam por um prêmio que, aos olhos da sociedade, era um reconhecimento ao suposto excelente desempenho auferido.

Como se isso não bastasse, um vídeo postado pelo próprio Jeferson Camillo (abaixo) atesta outra pilantragem. Nos primeiros segundos do vídeo, a logo do Governo Federal aparece, sugerindo supostos apoio e avalização do evento. Apresentado como “representante do MEC”, o hoje candidato fez referência ao ministro, bizarramente chamado de Fernando “Hadades”. O MEC, claro, disse desconhecer o senhor Camillo.

No site de campanha, ele se diz preparado para ser deputado federal. Com esse histórico recente, eu, sinceramente, não duvido…

Palavrões

Avisam aí a juíza que, no futebol, faz-se uso, e muito, de palavras grandes, enormes,  um verdadeiro latifúndio de letrinhas. Quem vai em um jogo de futebol e não quer ouvi-las, certamente deve deixar definitivamente o esporte bretão a favor das longas e divertidas partidas de canastra no Clube dos Setenta.

E tenho dito.

Dunga, fora

Bem, aconteceu o resultado esperado por muitos – especialmente determinados setores da imprensa.

A seleção brasileira de futebol, mesmo depois de um excelente desempenho no primeiro tempo, caiu frente a seleção holandesa. Não faltará, pois, aqueles que responsabilizarão inteiramente o técnico da seleção. Porque, afinal, o raciocínio é simples: se a seleção ganhasse, seria mérito dos jogadores; se não, deficiência do treinador.

A seleção que brilhou no primeiro tempo – e que muitos se perderiam em elogiosos comentários, caso a seleção mantivesse o resultado – foi a mesma que parou diante da Holanda na derradeira parte do jogo. A vitória é muito mais MÉRITO da Holanda do que deficiência da Seleção Brasileira.

Mas a imprensa – ah, esses jornalistas – já deixaram o grito, antes sufocado, ecoar garganta a fora. Dunga é um burro, assim como é burra a população brasileira que o apoiou. E assim vai o mundo dando voltas, com parte da imprensa encastelada e isolada do povo brasileiro.

Dunga, o maltratado

Já o chamaram de retranqueiro, mal vestido, grosso, mal-humorado. Agora, acrescenta aí, por gentileza, mais uma qualidade: violentador da Língua Portuguesa.

Os repórteres, imaginem, muito provavelmente elevarão o conhecido gramaticalista Professor Pasquale à condição de técnico da seleção de futebol após a saída de Dunga.

Dunga, como a maior parte dos jogadores de futebol no Brasil, não é oriundo do Brasil-Leblon (ou Brasil-Morumbi). Como a maior parte dos brasileiros, a preocupação linguística do técnico é meramente se fazer entendido.

Talvez seja por isso que, em tão pouco tempo, a imprensa conseguiu a façanha de colocar os brasileiros torcendo pelo Dunga. A imprensa não lembra, nem de longe, o povo brasileiro – ao contrário do valente ex-volante gaúcho.

Palavrões futebolísticos

A imprensa, pasmem!, descobriu que, no futebol, são ditos muitos palavrões. É a descoberta do ano.

Mesmo que a ‘perplexidade’ da imprensa seja com os xingamentos e palavrões dos técnicos (preocupação tendo como marco zero alguns murmúrios cometidos por Dunga nessa Copa), alguém tem que avisar os jornalistas que, no futebol, os jogadores xingam, a torcida xinga e os técnicos… bem, eles também xingam.

Querem cortesia e fineza? Vão cobrir partidas de xadrez da Associação Feminina Amish da Terceira Idade, ora.

O “método Dunga” e o método da imprensa

O que a imprensa anda chamando de  “método Dunga” já é notório.

Associam a ele a rispidez na linguagem, a pouca simpatia e a ‘militarização’ da seleção, expressa nos ‘confinamentos’ dos jogadores.

Conheci, há pouco, o “método rímoli” de gerenciamento de blog.

Funciona assim: se você escrever algo que eu não concorde, eu simplesmente apago.

Nada contra apagar comentários. Eu mesmo me reservo esse direito, embora nunca o usei.

Embora tivesse motivo nesse texto: não discutiram o post, mas me xingaram, gratuitamente.

Mas os xingamentos continuam lá, como testemunha da escrotidão humana e de minha tolerância com ela.

Fora os palavrões e os textos caluniosos, portanto, não há razão para apagar comentários.

O “método rímoli”, todavia, sugere que há.

Basta argumentar, em algum post, um ou outro equívoco do autor.

Ou, ainda, defender algo totalmente contrário ao que foi escrito no blog.

Eu, como dezenas de outros leitores, tive comentários excluídos no blog do Rimoli.

Pelo método Rimoli, evidentemente. Discordei, assim como a maioria por ali, e tive meus comentários apagados.

O método Rimoli é truculento. O método Rimole é pouco democrático. O método Rimoli invoca ditadura.

Ditadura que, em muitos países – entre eles, o Brasil –  foi executada pelos militares.

Eis aí, portanto, o verdadeiro sentido de “militarização do pensamento”: o método Rimoli de gerenciamento de blogs.

Mesmo porque os jogadores, que, em primeira instância, são as “vítimas” da militarização do método dunga, estão plenamente satisfeitos com a calma da concentração.

É isso: os jornalistas incomodam muito mais que o tal “confinamento”.

Com a constante provocação da Globo, a tragédia pode tranquilamente acontecer, tal qual já sucedeu à seleção francesa.

E aí, a culpa será do Dunga.

Aliás, se o Brasil for campeão, o mérito será dos jogadores. Se perder, a culpa será do treinador.

Raciocínio tortuoso assim.

Raciocínio que está entranhado no método Rimoli.

Método que, como visto, é um expediente utilizado para exorcizar idéias contrárias.

É a ditadura do pensamento único. É a ditadura da imprensa. Pelo método Rimoli.

(texto escrito em estilo telegráfico; é uma homenagem aos jornalistas convertidos em blogueiros).

Fonte da imagem:
http://www.telegraph.co.uk/sport/football/international/4573275/Dunga-under-pressure-to-satisfy-Brazil-purists.html

PS: a exclusão de comentários há pouco parou de ser feita. Provavelmente, alguém foi dormir. Tá uma bagunça por lá. Entre excluir todos os post’s e permitir todos, independentemente, há a moderação; qualquer blogueiro com experiência acima de treze horas sabe disso. Moderação, no entanto, exige bom senso. O que, parece, não existe por lá.

Globo contra Dunga

1. Como já é de conhecimento de todos os brasileiros, a azeda relação entre Dunga e a imprensa brasileira teve mais um capítulo, que atende como “caso Escobar“.

2. Aos marcianos, breves explicações: Dunga, enquanto respondia uma pergunta sobre Luis Fabiano, percebeu o inocente Alex Escobar, repórter da TV Globo, rindo ao telefone – supostamente falando com o colega Tadeu Schimidt – e o interpelou (segundo alguns, de forma ríspida – pô, o cara nem alterou a voz).

3. A resposta de Escobar – essa, sim, ríspida – foi um “eu nem estou te olhando“. Dunga, então, murmurou alguns palavrões. Confesso que só os entendi porque o vídeo que assisti, no youtube, possuía legendas. O video linkado aí acima não está legendado, e o áudio está perfeito. Os muchochos do técnico são pouco audíveis, incompreensíveis até. Os xingamentos só podem ser percebidos via leitura labial.

4. A ofensiva global foi rápida: algumas horas depois, um mesmo texto foi lido em três canais diferentes, denunciando o técnico pelo corrente uso de frases irônicas e grosseiras.

5. No canal aberto, a leitura coube ao global Tadeu Schimidt. Os brasileiros, no entanto, reagiram instantaneamente, popularizando no twitter o “cala boca tadeu schimidt”.

6. A imprensa, no geral, tomou as dores da Globo. Nisso, há uma verdade: o tratamento dado por Dunga é igual a todos os veículos de comunicação. Que o trata mal, é bom que se diga, desde quando jogava na seleção brasileira.

7. Novas luzes, no entanto, apareceram. Dunga vetou um acordo, feito entre a Globo e a CBF, de entrevistas exclusivas com três jogadores da seleção, que seriam exibidas na edição do Fantástico logo mais à noite. Claro, a Globo não está preparada para receber NÃO como resposta.

8. No mais, esse episódio só serviu para unir os brasileiros em torno de Dunga. À moda de Zagallo, Dunga terá que ser engulido pela imprensa, vitória após vitória. Hexa neles, Brasil!