O que é…

o fim: um peremptório início?

Ou,

O que é…

o início: um inadiável fim?

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Dezembro chegou. No pacote, festas, sorrisos, esperanças. É o mês que une, pela felicidade das comemorações de aniversário, Britney Spears, Christina Aguilera e Wanessa Camargo. A cereja no bolo da musicalidade é o ‘dingobel‘, até a exaustão – o que equivale as três, juntas, num projeto de música a capella.

Tá valendo.

Drops

No princípio era a imagem. Estática, imóvel, fixa e, em certa medida, artificial. A imagem era aquilo que, no Outro, correspondia a um vir-a-ser, a um devir. Posteriormente, as imagens fixas tornaram-se vivas. Primeiro, pelo som. A voz e sua textura, flexão, sotaque. A imagem fala. Ri. É de carne-e-osso, formando um equilibrado conjunto. São os bytes milagrosamente transformados em realidade.

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No fundo, é engrado isso: por mais que nos tornamos familiares aos outros – por mil e uma formas midiáticas – o contato pessoal inicial tem algo, mesmo que fugaz, de estranhamento. E daí o medo da brincadeira mal-feita, da palavra colocada indevidamente, do subentendido no ar.

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Caipirice filosófica a parte, o último fim de semana foi memorável. Conheci três bacaníssimas figuras. Duas delas me deram a honra da pose abaixo: a naturalmente simpaticíssima Sandra Pontes e o não menos simpático Alexandre, carioca irmão de fé (com a devida ressalva de que estou hereticamente distante dos caminhos do Glorioso, a ponto de não conseguir citar meia dúzia de elementos do atual escrete). O quarto mosqueteiro, nosso D’Artagnan, foi ele: o formidável Léo, que após enfrentar e derrotar bruxos cruéis disfarçados de inocentes animaizinhos de pelúcia, sequer tremeu ao clicar a foto abaixo – exatamente como faria J.R. Duran. Merece, claro, uma temporada em Hogwarts.

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Humano, demasiadamente humano

O cara que derrubou, ainda moço, um gigante com uma pedrada, foi o responsável por essas linhas:

O meu coraçäo está dolorido dentro de mim, e terrores da morte caíram sobre mim.
Temor e tremor vieram sobre mim; e o horror me cobriu.
Assim eu disse: Oh! quem me dera asas como de pomba! Entäo voaria, e estaria em descanso.
Eis que fugiria para longe, e pernoitaria no deserto.

Apressar-me-ia a escapar da fúria do vento e da tempestade.

Inútil, então, tentar escapar de nossas fragilidades, simulando-as debaixo de empáfia e prepotência. Medo, desespero e horror afloram, como se vê, nos mais valorosos corações. Entendeu?

A dor

Fininha, boba, coisinha-a-toa. Aquela dorzinha que, do nada, aparece fazendo graça. Por ninguém se importar, ela se aloja, toda faceira. E permanece, indefinidamente, até criar coragem de se agigantar. Daí não adianta fingir que ela não existe; ela lá está para, aos soluços, nos lembrar que está a tomar conta, como ferida gangrenada em estágios finais.

O palhaço esquece do riso, mas não da máscara. Esquece de si próprio no espelho; ao público, sua aparência de longe engana a todos – mas não aqueles que gostam do palhaço, que o admiram, que convivem com ele.

No extenso, longo, tortuoso e desesperançoso picadeiro, se propõe, com o sorriso desenhado por tinta forte no rosto, a fazer as pessoas felizes, entendendo que, se as pessoas tem uma função e vocação nesse mundo, a dele é fazer os outros gargalharem despreocupadamente.

Um pecado capital: inveja

Eu invejo quem posta dois, três textos por dia. Primeiro, pelo tempo; segundo, pela criatividade, embora considero que essa última é condicionada pelo primeiro.

Eu invejo quem tem relação de amor com seus respectivos blogs. Já passou pela minha cabeça, em vários momentos, acabar com isso aqui. Mesmo porque ainda entendo que os blogs – ao contrário de muita coisa por aí – só devem existir pelo prazer que o indivíduo tem, naquele momento, em escrever suas bobagens. Esse prazer, no meu caso, sofre de uma instabilidade de humor terrível. Entendo, por isso, o ato de muitas pessoas apagarem e criarem, sucessivamente, novos blogs. Que, na verdade, não passam de continuidade das idéias anteriores, felizmente – ou não.

Eu invejo quem tem um blog com identidade. Desses que admitem: aqui não falo do meu umbigo; só discuto filosofia oriental. Ou notícias do leste da Tasmania. Ou de culinária mineira. Ou física quântica. Ou, mesmo, só amenidades cotidianas. Enfim. E pensar que, lá pelos idos de 2005 (que é, em cronologia internética pós-moderna, uma eternidade), eu queria escrever sobre geografia e geopolítica…

Resumindo: os textos continuarão escassos (até dezembro, pelo menos), continuarei amando e odiando, na mesma medida, esse blog e, finalmente, terei nesse caldo imperfeito de letrinhas uma não-identidade bloguística; ou, se quiserem, o caos como referencial.

Mas haverá ainda espaço para muita bobagem. Ah, isso sim.

Amigos

Quando criança, pensava que teria meus amigos próximos até a velhice. Em poucos anos, ficaram uns gatos pingados aqui e outros acolá. Era amizade para sempre, não era? Não era. Uns, mudaram. De cidade, país ou temperamento. Outros – esses, percebemos depois, os verdadeiros amigos – não se afastaram nem com o tempo, nem com a distância. Nenhum desses dois elementos, hoje vejo, podem afastar uma verdadeira amizade. Também não são obstáculos para nenhum relacionamento amistoso.

Se o espaço e o tempo há muito já não são mais impedimento, o mundo pós-moderno nos trouxe outra possibilidade de relacionamento. Refiro, evidentemente, às amizades virtuais. Nesse caso, o encontro presencial é um mero detalhe. Uma cereja no bolo; se tiver, excelente. Contudo, não é sua ausência um problema catastrófico. O bolo não deixará de ser bolo. Eu não escuto a voz, não sinto a textura da pele, nem a cor da gargalhada do(a) outro(a). Mas conheço bem. E tenho em alta conta, da mesma forma daqueles fiéis que me rodeiam.

Ou qual outra forma que justifica passar a tarde inteira pensando em como dizer algo de legal para uma amiga tão especial como a Sandra? Na mais absoluta falta de boas palavras, vou de tradicional, mesmo: feliz aniversário, Sandrex!

Loucura

Semana passada, fiquei deveras impressionado por duas cenas. Enquanto saía do banho, vi, pela metade, uma reportagem na TV sobre um rapaz que, tranquilamente, se dirigiu aos andares superiores de um shopping e se atirou lá de cima. A segunda cena, tão pior quanto, ocorreu quando, numa manhã fria, um senhor, aparentando uns quarenta, cinquenta anos, agachou-se na calçada próxima a rua e, com as mãos em formato de conchas, lavou o rosto com a água empossada, provavelmente saída de alguma piscina ou carro lavado nas imediações. Quase nu, não parou de entoar um amontoado de palavras que nem de longe parecia uma canção.

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De me transformar em assassino, barata ou político profissional não tenho medo. Da loucura, sim.

E os sonhos de uma vida feliz se desmancham com um único despacho. Sem licença para qualificação profissional (por conta de ausência de dotação orçamentária), adeus cidade da garoa, adeus PUC, adeus mestrado.

Sentir ser a pêra podre na lata do lixo não é pior do que estar sujeito a desfaçatez imbecil e cruel dos números monetários estatais, generosos para alguns, sovinas para outros.

Depender de vontade política de alguns, idem.

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A linguagem aparentemente ferina é um subterfúgio  para esconder o padecimento profundo que sinto. Só não sei bem a quem devo tanto. Talvez a mim mesmo.

Mudanças

Ah, as mudanças. Umas inevitáveis, outras não. Nesses momentos, a indecisão oferecida pelo incerto futuro deixa-nos com um misto de amargura e esperança. Tudo aquilo que por longos meses desejamos e que, repentinamente, se concretiza, nos leva a pensar se realmente tomamos a decisão mais acertada.

Deixamos casa, cidade, estado. Amigos. Prazeres comuns deliciosamente fúteis. E uma baita insegurança pela frente. Afinal, de uma provinciana cidade do interior semi-amazônico à maior cidade da América do Sul há uma distância enorme.

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É, pois, um momento importante que se aproxima. Por isso a mudança no template. E de ‘linha editorial’ também. Não há dúvidas, a considerar pelo nome estampado aí na cabeceira: esse blog é pessoal e assim vai se comportar – discursando sobre os centímetros do umbigo aos cataclimas do universo.

Certamente, as mudanças deixarão esse espaço mais chato. Orgulhosamente mais chato. Sem traumas por contadores, comentários e etcétera. A chatice, evidentemente, não impedirá o deus Google de enviar incautos pra cá. Isso, claro, não “contribói“, nem “destribói” na orientação e elaboração dos textos.

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O novo template expressa muito o que sou. Mais profissionalmente, menos ideologicamente, digamos assim. Um geógrafo (ou licenciado em geografia, como querem alguns) de centro-esquerda (há controvérsias, porém…), apesar de minha profissão e minhas cores políticas raramente serem objetos de discussão por aqui.

Avante.