Eu invejo quem posta dois, três textos por dia. Primeiro, pelo tempo; segundo, pela criatividade, embora considero que essa última é condicionada pelo primeiro.
Eu invejo quem tem relação de amor com seus respectivos blogs. Já passou pela minha cabeça, em vários momentos, acabar com isso aqui. Mesmo porque ainda entendo que os blogs – ao contrário de muita coisa por aí – só devem existir pelo prazer que o indivíduo tem, naquele momento, em escrever suas bobagens. Esse prazer, no meu caso, sofre de uma instabilidade de humor terrível. Entendo, por isso, o ato de muitas pessoas apagarem e criarem, sucessivamente, novos blogs. Que, na verdade, não passam de continuidade das idéias anteriores, felizmente – ou não.
Eu invejo quem tem um blog com identidade. Desses que admitem: aqui não falo do meu umbigo; só discuto filosofia oriental. Ou notícias do leste da Tasmania. Ou de culinária mineira. Ou física quântica. Ou, mesmo, só amenidades cotidianas. Enfim. E pensar que, lá pelos idos de 2005 (que é, em cronologia internética pós-moderna, uma eternidade), eu queria escrever sobre geografia e geopolítica…
Resumindo: os textos continuarão escassos (até dezembro, pelo menos), continuarei amando e odiando, na mesma medida, esse blog e, finalmente, terei nesse caldo imperfeito de letrinhas uma não-identidade bloguística; ou, se quiserem, o caos como referencial.
Mas haverá ainda espaço para muita bobagem. Ah, isso sim.