Além das CPI's


Camilla Amaral, ex-assessora de imprensa da senadora petista Ideli Salvatti.

Katrina’ Somaggio deve estar morrendo de inveja. A exuberância de Camilla Amaral deixa Karina com uma beleza semelhante aos efeitos do furacão-quase-homônimo. E é também mais comedida (ou com medida?). Segundo fontes confiáveis, o cachê pago pela Playboy foi de R$ 300.000,00. Módicos trezentinhos. Míseros, comparados com os dois milhões pretendidos pela ex-assistente do carequinha.
Essa diferença de honorários é uma prova inconteste de que Karina era apenas uma franguinha ‘de granja’ em acesso megalomaníaco, se achando o último chester em véspera de natal.

A propósito, a sessão Andy Warhol continua.

Os carolas e as armas

De início, vejo as razões em votar sim muito mais imperativas e sensatas. Escolha do coração, escolha da razão. O cotidiano mostra que o problema é o excesso de arma, não sua falta. Arma de fogo tem uma única finalidade: matar, independentemente dos miolos no chão serem de um parente, um amigo ou algum infeliz que atentou contra o poderoso direito à propriedade individual. Na minha pobre consciência moral, homicídio é e sempre será homicídio.

Assustam-me, particularmente, pessoas religiosas [notadamente as cristãs], engajadas no NÃO. A surpresa é tão grande quanto descobrir que fãs de Ghandi estão favoráveis a resistência armada. O cristianismo oferece claramente uma filosofia pacifista – apesar de muitas vezes a história dizer que na prática a teoria é outra. O louco do Nietzsche, ao analisar o cristianismo, considerava que cristão bom era aquele que por debilidade moral aceitava a submissão facilmente. Um homem fraco, portanto.

Apesar do site do Referendo Sim ter uma seção “Religiões pelo Sim”, a opção dos fiéis parece nem sempre corresponder (o que não é de todo ruim, imaginando que a decisão final é pessoal e não influenciada pelo pastor, padre ou outro líder religioso qualquer). Pessoalmente, conheço vários ‘carolas’ a favor do Não. Gente que discursa muito bem sobre fé, Jesus, Deus, diabo, inferno e pecado, admite sem pudores que a legítima defesa, da família ou da propriedade, é natural.

Pouco conheço de assuntos teológicos. Não é preciso, contudo, ser especialista para reconhecer a índole pacifista dos princípios cristãos. Um exemplo: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente’. Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você para tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. Se um dos soldados estrangeiros força-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste” (Mateus, 5:38-42).

E quanto ao direito à propriedade? Uma associação conservadora cristã, a ACSI (Association of Christian Schools International), na sua Enciclopédia das Verdades Bíblicas, reconhece a condição comunitária da propriedade dos primitivos cristãos. Desaconselha, porém, devido aos inúmeros problemas daí derivados (sic) e de não haver nenhuma recomendação nas epístolas apostolares. E nem de propriedade particular, convenhamos. Divinizar a propriedade privada interessa a quem?

A arte de interpretar é a matriz da pluralidade religiosa. Pieguice à parte, a Bíblia e o Alcorão servem tanto para matar quanto para amar. Assim como no referendo, a decisão é sua.

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Razões que me levam a votar SIM estão no post abaixo.

Desarmamento (iii) – Pensando Alto

1. A segurança oferecida pela arma é ilusória e traiçoeira;

2. Arma de fogo é potencialmente mais perigosa do que a concorrência;

3. Bandido adora roubar revólveres;

4. O discurso do ‘não’ é bonitinho para a classe média instalada em nobres subúrbios e para latifundiários com milícias de prontidão;

5. Existem outras formas de segurança. Cerca elétrica mais Stalin, um legítimo pastor-alemão, dão conta do recado. Ademais, mundo cão é esse em que qualquer propriedade vale mais que uma vida;

6. O Referendo não é uma proposta petista, muito menos lulista. Logo, não é do governo. Na frente parlamentar estão políticos nada íntimos ao trato de ‘cumpanhêro’, como o deputado ACM Neto (PFL) e o senador Tasso Jereissati (PSDB);

7. Incoerência é acusar os argumentos da Frente pelo SIM de demagógico, fechando os olhos para o uso de mentiras e de meias-verdades apresentadas pelo outro lado;

8. Sou a favor do amplo e irrestrito desarmamento, de quem quer que seja; comecemos pelo mais fácil, que é desarmar os ‘homens de bem’, distantes dos ‘homens do mal’ (oh, maniqueísmo demagógico…) por apenas um aperto no gatilho;

9. Desarmamento é uma coisa, referendo é outra. Isto é, o referendo não é capaz de desarmar bandido. Todavia, não são apenas as armas de bandidos que matam.

10. Resta saber se alguém que anda armado sem autorização legal (porte de arma) é uma pessoa de bem; não é. Assim como não é aquele que se recusar a entregar o Taurus após uma hipotética vitória do Sim. O referendo tem poder de lei. E lei é lei.

11. Para quem admite a hipótese futura de alimentar a criminalidade com a compra de arma e munição, é um terrível paradoxo justificar o uso de armas para proteger a família;

12. Retórica vazia é propor o desarme primeiro do bandido, depois dos cidadãos de bem. Isso, nem aqui, nem nos States, nem na China.

13. Todo ‘bandido’ nasce ‘cidadão de bem’. Desarmar todos os bandidos hoje não é garantia de um amanhã paradisíaco.

14. Depois desse referendo, quero votar em outros. Aqui está uma excelente lista de outras opções.

Desarmamento (ii) – Delírios

A Tensão Pré-Referendo tem espantado o pouco movimento da minha conta de e-mail. Nos últimos seis dias, recebi onze e-mails tratando da votação no dia 23 de outubro; desses, nada menos que dez me propunha uma séria reflexão sobre a necessidade de votar “não”.

Um deles me chamou a atenção. Trata-se, especificamente, de como o primeiro líder soviético, Lênin, propunha tomar o poder. Segundo o e-mail, o famoso comunista escreveu um pequeno texto, em 1913, intitulado ‘Decálogo‘. Nesse escrito, oferecia dez passos a serem seguidos para se tomar o poder.

Nunca tive intimidade com o Vladimir, essa é a verdade. Tive sérias resistências à leitura de ‘Que fazer’ na juventude, por conta de sua prolixidade. Mas imaginar que o tal seja responsável por um bilhetinho tão tosco é difícil. Qualquer um que já leu Lênin reconhece facilmente o engodo.

O ‘Decálogo’ se esparramou como praga pela Internet. Como participarei da blogagem coletiva do ‘Nós na rede’ do próximo dia 10, voltarei ao assunto na ocasião. Por ora, é justo dizer que a suspeita lançada no parágrafo anterior é comprovada. O texto é apócrifo. Uma lenda urbana, nada mais. Mesmo assim, gente que acredita nas terríveis forças ocultas e mascaradas  da sociedade (sim, estou falando do ‘Leviatã fidelulista’, Foro de São Paulo e demais bobagens) se agarram a essa fraude.

Enfim, o texto do e-mail segue abaixo.

[Antes de qualquer coisa, o texto ‘sério’ acaba aqui. Estou um pouquinho cansado e quero brincar um pouco. Não vou poupá-los dos comentários infames. Não me levem a sério, OK?]


O Decálogo de Lênin

Em 1913, Lênin escreveu o “Decálogo” que apresentava ações táticas para a tomada do Poder. Qualquer semelhança com os dias de hoje não é mera coincidência.

1.. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
Eu sabia que havia muito mais que liberdade herbácea na minha pobre militância estudantil. Devo contactar meus antigos companheiros de luta da UJS para me dar explicações? Ou seria melhor procurá-los com o Taurus carregado para aliviar meus traumas adquiridos por tamanha abstinência?

2.. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;
Ora, pois, quem não sabe disso são os detratores do mestre Olavo. Deixa só quando descobrirem que Olival Freire Jr. é o pseudônimo adotado por Tales Alvarenga para editar a Princípios

3.. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;
Os grupos populacionais são naturalmente harmoniosos. Esse discurso de desigualdade só surgiu quando esses malditos comunistas apareceram. Para voltar a harmonia, fim para eles – com Taurus, preferencialmente.

4.. Destrua a confiança do povo em seus líderes;
‘Tá vendo, mamãe… te falei que a Veja era comunista…’

5.. Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;
Uai, num é que os milicos eram comunistas?

6.. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;
Ahã… e nessa ordem se destacam os comunas Paulo MalufDelúbio Soares e Regina Duarte. É, o Brasil está cheio de instrumentos comunistas de tomada do poder.

7.. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;
Ora, greves são sempre legais. Ou você não prefere ficar em casa de bermudas assistindo TV em uma plena segunda-feira?

8.. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;
A torcida do Corinthians é o braço armado do PCdoB. A do Vasco também. E a do São Paulo, do Palmeiras, do Botafogo, do Cruzeiro, do Grêmio, do Inter, do Fluminense. Só a do Mulambada que não (apesar de um acreano ainda parecer indeciso); nós votamos no “sim”.

9.. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;
Já sabemos o que une Sílvio Pereira, Jefferson, Bispo Rodrigues e Cia…

10.. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa… .
Estamos a caminho, OK?

Desarmamento (i)

Saracuteando pelo Orkut (ou Sarorkuteando ®Esquizofrenia Viral), deparei já com ardorosa discussão. E, por ser ardorosa, muitas vezes os debatedores se desapegam da razão, dos fatos e dos argumentos – para apenas bradarem para os seus pares e serem calorosamente aplaudidos.Mostra disso está na transcrição abaixo, recorte das primeiras mensagens de tópicos recolhidas na comunidade ‘Não ao Desarmamento’:


REVISTA TRIP – CRIME ELEITORAL 26/9/2005 12:15

NÃO FOI DITO QUE A PARTIR DE 01/09/05 ESTARIA PROIBIDO A VINCULAÇÃO DE OPINIÕES SOBRE O REFERENDO PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO????

E COMO A REVISTA TRIP EM SUA MATÉRIA DE CAPA E AINDA COM VÁRIOS OUTDOORS POR SP FALA SOBRE ARTIGO CONTENDO “O PORQUÊ VC DEVE VOTAR SIM NO DIA 23” ???


26/9/2005 13:11
Denunciem ao TSE e façam a editora ter de pagar uma multa por tal ato!

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Revista Veja: 7 razões para votar não 1/10/2005 02:23

Essa semana vale a pena ler, comprar e até distribuir a revista Veja:

Capa: “Sete razões para votar NÃO na consulta que pretende desarmar a população e fortalecer o contrabando de armas e o arsenal dos bandidos.”


É isso que esperamos 1/10/2005 03:42
Parabéns ao editores e jornalistas da revista veja, é isso que esperamos dos meios de comunicações sérios e sem “rabo preso”.


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Como coerência é coisa de psicopata, vamos relevando, gente, relevando. Folgo-me em saber que os psicopatas podem estar do lado de cá. Pelo menos estarão desarmados.

A liberdade de decidir

Ainda lembro como hoje. A coordenadora levando todos os alunos, em fila indiana, para a sala de vídeo. Mal sabíamos o que se passaria. E assim, nessa inocência, tivemos nosso primeiro contato com a frieza – necessária até – do exercício médico. O vídeo era sobre aborto. A quantidade de sangue definitivamente me impressionou. Dali em diante, o molecote de quase doze anos teve uma outra relação com seu próprio sangue, capaz inclusive de desfalecer em uma simples transfusão. Aquele fato distante na infância, escondido sob o manto educativo, me marcou profundamente. Pelo medo, pelo terror, somente. Se o vídeo fosse sobre transfusão de orgãos traria a mesma sensação, obviamente.

Foi com a mesma surpresa que descobrimos, a uns três anos mais tarde, numa sombria manhã de junho, o falecimento de uma colega. Aborto mal sucedido. E lá estávamos nós, perguntando o porque daquilo tudo. Não suportando a expectativa da pressão familiar, sucumbiu-se nas mãos de espertalhões. Moralismo e educação terrorista nem sempre têm resultados desejados.

A respeito disso tudo, o direito das mulheres de decidir sobre a maternidade. Essa é a luta daqueles que almejam a descriminalização do aborto. Defender o direito ao aborto não é o mesmo que defender o aborto, muito menos estimular ou obrigar as mulheres a abortar, como bem ressaltou Alcilene Cavalcante. É, sobretudo, garantir a liberdade à maternidade e à vida a todas as mulheres. Ao Estado cabe zelar pela integridade da saúde da mulher. Nada mais ético e socialmente justo trocar a clandestinidade das clínicas açougueiras pela assistência médica em hospitais públicos.

Boa parte dos abortos clandestinos acontece em lares com pouca instrução sobre métodos contraceptivos. A expectativa de uma vida decente é mínima. Uma gravidez indesejada é resolvida, em muitos casos incidentes nas classes populares, com tradicionais ‘garrafadas’, chás à base de raízes. Comprimidos de permanganato de potássio (ou algum medicamento contendo o misoprostol como componente ativo) podem ser comprados, no mercado negro, a R$300,00. Talos de mamona são muito utilizados no meio rural. Agulhas de crochê ou qualquer outro objeto pontiagudo são instrumentos bastante preferidos nas cidades. Em qualquer situação, a vida da mulher corre seriíssimo perigo.

Os fundamentalistas religiosos, latentes nos grupos conservadores, ficam de cabelos em pé (sob a bandeira do direito à vida) ao imaginar os hospitais públicos fazendo aquilo que as clínicas particulares fazem sem o menor remorso. Esse grupo, especificamente, guarda ainda outra terrível incoerência. O apego às campanhas anti-aborto é tão tenaz quanto a simpatia pelas penas capitais. Isto é, do embrião – que tecnicamente ainda não é uma vida (é apenas um devir, uma possibilidade) surge um ser humano, vivo até entrar em descompasso com as regras sociais, quando menor infrator ou um adulto vagabundo. Aí, nesse caso, a mesma ética tortuosa diz despudoramente que a morte – por armas oficiais ou registradas no órgão competente – é merecida.

Assim como o Estado não tem prerrogativa na escolha de minha ou da sua religião, é de se entender que não é de sua competência o direito de interferir naquilo que é de foro mais íntimo da mulher: a liberdade de decidir sobre a maternidade.

Taxonomia de Julian Bloom

Um dos primeiros post’s que li no excelente blog do Afonso era sobre a deliciosa e difícil convivência entre os colegas de profissão (esse, especificamente, foi publicado no dia 02 de agosto). Entre aqueles que tem o trabalho desenvolvido de forma essencialmente coletiva, essa convivência ainda é mais ‘turbulenta‘.

Já luto contra a tentação do ócio por quase uma década, sempre em funções eminentemente públicas. Nesse tempo, tenho catalogado muitos coleguinhas que são, hum, trabalhosos. A maior parte de meus pares, no entanto, me deixou uma incontida saudade. Os outros – apesar de serem genericamente ‘outros’ – se subdividem em classes e subclasses numerosas – afinal, o bom é sempre bom; o mau é mau cada qual a seu modo… Resumidamente, consegui vê-los (ah, como em um filme…) em sete tipos especiais:

1. “Sossegado”: Dê-lhe um susto e espere vê-lo gritar semana que vem. Morte súbita como causa mortis é algo impensável. Dialogar com esse tipo é um verdadeiro exercício de paciência. Não raro, aproveita desse aspecto cândido, digamos, para se escorar nos colegas. É mestre em morcegar.

2. “Caladão”: não te explica nada sobre aquele serviço a ser feito, mas olha com bastante interesse seu desenvolvimento. Jamais fala o que pode estar certo ou errado DURANTE O TRABALHO. Quando terminado, receita um punhado de defeitos que aconteceu. Esconde-se sob uma carapaça mal humorada. Nunca espere cooperação desse sujeito.

3. “Curioso”: quer saber de tudo o que você está fazendo. Possui uma curiosidade mórbida. Para quem está de fora, até dá por chefe esse sujeito, tamanha é sua disposição em coletar informações e se inteirar da situação. Geralmente esse tipo é pouco produtivo. Sua energia é gasta basicamente em coletar informações. Se estiver empregado em algum Sistema Secreto de Informação, esse tipinho progride. Como não há tanto emprego na Agência Brasileira de Informações e a CIA ou o FBI ainda não tem uma seção oficial no Brasil, esse perfil floresce com sucesso apenas no serviço público. Agüentem, Barnabés!

4. “Onipresente”: Não há um colega aqui que não se inclua no perfil anterior. Nessa classe está a maioria dos “curiosos”. Os “Oni”, para os íntimos, são bastante espaçosos. Falam muito. Muito mesmo. Inverte o ditado “Pensar pra falar”. Quando esse tipinho falta no serviço ou vai ao banheiro, não é raro todo mundo suspirar aliviado (infelizmente, pessoas com esse perfil faltam apenas em ocasiões raras, do tipo um-míssil-neozelandês-destruindo-a-Ponte-Rio-Niterói. Quanto a ir ao banheiro, parecem ter rins e intestinos espetacularmente flexíveis).5. “Invejoso”: esse tipo aparece em qualquer função. De serviços gerais aos poderosos Conselhos Executivos de multinacionais. Adoram puxar o tapete do colega. Geralmente são também puxa-sacos (vide tipinho nº 4). Prestam muito mais atenção em você do que no próprio trabalho. No entanto, procura ser dissimulado. Como quer crescer à custa dos outros, sempre procura manter sua imagem de bom mocinho. Nos bastidores, porém, sua língua é ferina e seu comportamento é ofídico. Apronta o maior dos rebuliços e ainda tenta passar uma imagem de anjo. Valha-me Deus…
6. “Puxa-saco”: pensa que estar do lado do chefe é o passo fundamental para ser presidente da ONU. Almeja alto. É eficiente. Geralmente tem a antipatia dos colegas. Enquanto está o atual chefe, sua vida pode até estar arrumada. Complica quando chega chefe novo. Mas como esse tipinho muda de time como muda de roupa, em segundos já está puxando saco do novo superior. É a pior forma de se dar bem no serviço.7. “Pessimista”: se você precisa de palavrinhas para deixar de boa sua auto-estima, por favor, fique a quilômetros desse tipo. Avise-o que você ganhou R$5.000.000,00 na loteria, ele te lembrará do enorme valor a ser pago ao Fisco. Lhe dirá ainda que aumentará em 325% o risco de ser assaltado, 560% de ser vítima de latrocínio. Dirá ainda que é uma vergonha alguns concentrarem tanta grana quando existem milhares e milhares de crianças passando fome. Agora, se você deseja converter esse “pessimista” em um bacaninha “otimista”, cede seu prêmio a ele…

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Se identificou algum colega, parabéns. Você é normal. Se conseguiu identificar algum coleguinha em mais de três tipos, agradeça aos céus. Não há limbo adequado como estágio para sua chegada ao paraíso. Despreocupe-se: as chances são remotas de se divertir lá embaixo, mergulhado no lago de enxofre junto com o Coisa-Ruim. Lembranças a São Pedro, OK?

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P.S. 1: a falta de auto-crítica me impossibilitou de identificar outro tipo de colega chato. Os chatólogos provaram, por a + b, que os observadores de chatos são os maiores dessa espécie já encontrados na natureza (e isso que é auto-conhecimento por excelência). Não obstante, foram os últimos a serem catalogados – talvez por absoluta falta de espelho. A tática usada por esse grupo é conhecida como ‘create a scarecrow‘. Sim, um disfarce para a chatice, implícita em quase todas as sete qualidades anteriores. Em doses micrométricas, modéstia à parte.

P.S. 2: Nessa taxonomia, meu amigo Afonso não justifica seu famoso epíteto.

Algo em comum entre furacões e Toddy

As previsões climáticas para os próximos anos são tenebrosas. A previsão do progressivo aumento da temperatura global indica que a constância e intensidade dos furacões serão bem maiores, afetando inclusive áreas antes incólumes a esses fenômenos naturais.

O Caribe é uma das áreas mais suscetíveis aos tornados, furacões e congêneres. Ao convergir para as áreas de baixa pressão localizada nas imediações da América Central, os alísios (ventos que sopram dos trópicos para as regiões equatoriais) de ambos hemisférios proporcionam a ascensão de uma massa de ar giratória que, alimentada pelo ar úmido marítimo, vai lentamente se agigantando.

Essas ventanias incomodam os caribenhos e moradores das adjacências há muito tempo. No início do século XX, por exemplo, um poderoso furacão varreu a ilha de Porto Rico. Na ocasião, uma desolada família de imigrantes espanhóis viu a lavoura de cacau ser totalmente aniquilada. Um dos filhos, Pedro Santiago, resolveu mudar de ares. Ao chegar nos Estados Unidos, se transformou num perfeito exemplo de self-made man. Em pouco menos de quinze anos, passou de lavador de banheiros a próspero empresário do ramo alimentício.

A terra que deu uma das maiores desilusões para sua família foi a primeira a conhecer o que seria seu maior sucesso. Em 1930, em Porto Rico, Santiago lançou o achocolatado “Toddy”. Originalmente, atendia pelo nome uma bebida escocesa feita com mel, leite, ovo e uísque. Na versão caribenha levava rum, cacau e melado de cana – que era também conhecido por “Rum Toddy”. O apurado tino empresarial do rapaz o levou a registrar a marca. Apesar do nome, o produto de Santiago procurava conservar as propriedades gustativas da versão modificada da bebida.

O achocolatado faz sucesso até hoje. Quase sempre pelo gosto, às vezes pela graça.

Chucrute com coca-cola

Eleição acirrada, defesa do estado-mínimo, importância da luta contra o eixo do mal, políticas rígidas de controle migratório. Um Bush de saias?

Para a felicidade da crescente comunidade pobre e discriminada (aqui incluído os mais de dois milhões de turcos), a Alemanha está fora do circuito mundial de furacões. Nenhuma previsão de se ter na terra do chucrute o desastre social que sucedeu em New Orleans, portanto.

Se quiser mesmo imitar seu colega em Whashington, a mais-que-provável eleita Angela Merkel deverá mostrar sua incompetência em outros departamentos. Se, ao menos, conseguir governar.