Avaliando

Se a avaliação dos alunos pelos professores já é uma prática secular, a recíproca é algo pouco comum. Em se tratando de professores universitários, então, é algo quase impensável. Por isso a prática dos alunos de Geografia da USP ser tão inovadora. Além de avaliar todos os professores, o resultado é público. As fichas de análise e os comentários dos alunos estão aqui.

Palmas para os professores. E um trocadinho também

Já faz algum tempo que não leio a Revista Veja. Falta tempo.

Das lidas pretéritas, um dos colunistas preferidos – hum… – era o Cláudio de Moura Castro, esse pleno desconhecido do mundo pedagógico mas profundo sabedor de educação, porque, afinal de contas, em se tratando de escola, todo mundo se acha no preparo para criticar, opinar, propor. Já comentei algumas coisinhas sobre o que acho dos textos dele aqui, aqui e aqui. Minha opinião sobre o Castro, PhD em Economia pela Universidade de Vanderbil, já foi dada e de lá pra cá não mudou muito.

Um dos últimos textos publicados na Veja recebeu uma resposta até interessante aqui. Acrescentaria apenas um outro argumento – até repetitivo, visto que usei palavras semelhantes em outro post: o Instituto Dom Barreto, primeiro colocado do ENEM, é uma instituição privada. E, como sabemos, para uma escola particular de ponta, a localização geográfica pouco importa. Tanto faz se é em Porto Alegre ou se é no Rio Branco. Um filho de um deputado em Macapá tem as mesmas condições materiais de sucesso que outro, em mesma situação, no Rio de Janeiro. Daí ser uma grande bobagem esse deslumbramento todo com a escola piauiense.

Sugerir o ‘aplauso’ ao trabalho do professor como um ente mágico e revolucionário, como faz Castro, é patético. Debochado até, já que, provavelmente, o colunista de Veja não pretende substituir seu próprio salário mensal, recebido do semanário, por cartas elogiosas que milhares de leitores por aí possam cometê-las.

Mais horas na escola, mais anos de estudo?

Os burocratas da educação e teóricos de gabinete não podem ver os dados assombrosos de evasão escolar que ressuscitam uma velha e boa intenção: implantarem escolas em tempo integral. Não conseguem sequer enxergar que quase metade dos alunos evadidos sai da escola porque não a deseja, não sente nenhum prazer em freqüentar uma sala de aula. Se os alunos não desejam em a escola em conta-gotas, a idéia de trancá-los em fortalezas escolares por oito horas diárias deve lhes parecer horripilante.

Deveríamos pensar, num primeiro momento, em como tornar essa escola atrativa. A vontade de ficar na escola em tempo integral seria natural, a partir daí. É preciso lembrar sempre: quantidade não é qualidade. Lembro-me – e não há muito tempo que cursei o ensino fundamental – que havia três meses de férias anuais. Para quem passou por um sistema escolar assim, mais light, deve sacar rapidinho que nada deixava a desejar em relação aos conteúdos trabalhados na escola atual.

Nesse sentido, é bastante elucidativo o exemplo dado pela Denise, comparando a educação brasileira à norte-americana. Cito, especialmente, dois parágrafos:

Por outro lado, o ensino daqui é muito mais fácil que no Brasil. Enquanto temos uma quantidade de absurda de assuntos, em nosso currículo, aqui os professores concentram em menos, mas repetem muito mais, o que eu gosto muito.

Acho que a gente tem um currículo ridículo, completamente fora da realidade, no Brasil. Assunto demais que ninguém tem condição de absorver tudo aí vira “decoreba”, pra passar no vestibular.

Se o Brasil seguir a tradição, i.e., resolver problemas sérios com soluções simples, a escola integral, se entendida apenas como uma escola de tempo dobrado, afugentará ainda mais os adolescentes. Ou, pra usar a linguagem ‘deles’, isso transformaria um ‘mico’ em ‘king kong’ para uns; para outros, seria sofrimento eterno mesmo.

~*~

Imperdível: entrevista com o Chato mais bacana da blogosfera no blog da Revista Época. Em questão, o Faça sua Parte. Repercussão melhor não há.

ENEM 2006

Os resultados do ENEM-2006 foram divulgados semana passada. Nada de novidade: o ensino público brasileiro continua ruim.

De uma análise rápida da tabela síntese dos resultados na redação, um dado salta aos nossos olhos: as escolas particulares possuem índices muito parecidos. Genericamente, tanto faz a escola privada estar no Rio Grande do Norte quanto no Rio Grande do Sul. Parafraseando uma música famosa, escola privada é escola privada em qualquer lugar.

Falemos das exceções. Primeiro, no ensino privado. O estado de Roraima possui o pior desempenho entre as unidades federativas (52,55). Mesmo assim, consegue ser bem melhor do que o ensino público roraimense (45,78). Já no ensino público, a exceção é o índice elevado obtido pelos alunos gaúchos das escolas públicas (57,22). Mesmo assim, é pior que o ensino particular do Rio Grande do Sul (61,28).

Pode ser um indício claro do equívoco do economista Cláudio de Moura e Castro, colunista de uma revista semanal, ao afirmar insistentemente que a situação financeira – e o conseqüente capital cultural familiar – não tem peso na aprendizagem dos estudantes.

Resta saber se os dados serão portadores da evidência tão requerida por Moura e Castro e, a partir daí, reconhecer a própria tortuosidade de seus argumentos.

Cinco idéias para a escola brasileira

A idéia inicial era levantar alguns pontos para discussão no então recém-criado fórum do site Reescrevendo a educação. O tempo passou, a vontade de discutir o tema também. Publico aqui, da forma que foi escrito em um dia e mês perdidos por aí (inclusive com os dois últimos pontos inacabados). É isso.

1. Descentralização, de fato, da gestão escolar – nos moldes europeus e norte-americanos – e novos critérios para contratação de professores.

Muitas atividades burocráticas, em função de uma pesada hierarquia funcional de antanho, emperram o cotidiano escolar. Isso é ruim. O foco da escola deveria ser a dimensão pedagógica. Coordenadores e Diretores com dezenas de relatórios e de ofícios para responderem é um sinal claro do rumo desastroso que a escola toma. Planos mirabolantes, historicamente recebidos na escola como simples alteração da rotina burocrática ou pretexto para marketing e confetes, deixam em segundo plano o processo cognitivo do aluno.

Nesse contexto de descentralização, seria imperioso o fortalecimento dos conselhos escolares. É verdade que já existam alguns – formalmente, pois quem acaba ‘mandando’ é o próprio diretor. O chamamento da comunidade para decisões – de gestão de pessoal a gestão de materiais – certamente exigirá maior compartilhamento das responsabilidades pelo sucesso da escola.

Por conseqüência, a escola teria autonomia, através de seu conselho escolar, para contratação e dispensa dos professores. O recrutamento seria feito mediante prova escrita e didática. Muitos licenciados são bons na teoria, mas péssimos na prática. Avaliados periodicamente, o conselho escolar indicaria a permanência ou não do atual docente. Esse redimensionamento poderia, inclusive, colocar a Universidade a repensar o perfil dos seus formandos.

2. Reformulação dos currículos dos cursos superiores de licenciatura.
A maior parte dos cursos de licenciatura destina significativa parcela de sua carga horária às teorizações, à pesquisa, interessantíssimas para o prosseguimento na carreira universitária. Acontece que são poucos os que trilham esse caminho. A maioria dos licenciados desemboca na escola básica – aí sim, mal formados, mal preparados. Ou qual é o professor que não teve um choque de realidade no seu primeiro dia de aula, pós-universidade?

Aqui entra um outro ponto, inclusive levantado por Antonio Nóvoa, prodigioso escritor português na área da educação. O que a universidade faz pelos egressos? Absolutamente nada. Os primeiros anos do professor são cruciais na sua carreira docente. Seria de suma importância o acompanhamento e monitoramento das atividades desses professores – e não somente deixar a cargo do Estado – com seu conivente estágio probatório – ou do mercado – impiedoso com o principiante claudicante. Seus erros e acertos poderão marcar, positiva ou negativamente, seu desempenho profissional. A responsabilidade da universidade tem sido, de forma estrita, com a formação inicial do docente. Se bem formado ou não, isso não interessa à universidade: o importante é que saiu de sua competência de atuação.

3. Fortalecimento salarial dos professores
Aqui não interessa se os professores da Libéria ganham mais ou menos e, em decorrência disso, os resultados são melhores ou piores. Se provada essa conclusão, a saída é sempre pagar menores salários – inclusive de jornalistas, já que se pode encontrar, na Libéria, jornalistas tão bem quanto… uma bobagem, enfim.

O ofício do professor não é fácil. Trabalhar com a complexidade do ser humano e sua imprevisibilidade de atitudes e comportamentos é algo melindroso. Se o salário não é atrativo, então…

Acontece que muitos profissionais hoje professores assim o são por força contigencial. Não escolheram a profissão. Apenas não conseguiram ser aprovados em um curso mais ‘nobre’. E aí a escola destina seus melhores alunos às profissões com maior status, hoje. Cursos como Medicina, Engenharia, entre outros, possuem alunos com maior capital cultural do que aqueles que cursam a licenciatura. E aí,sim, cria-se um círculo vicioso, com alunos ruins entrando na faculdade, saindo de lá pessimamente e contribuindo com sua parcela na formação de mais cabecinhas ocas.

4. Incentivo a formação continuada dos professores

Estabelecer parâmetros de valorização do professor mediante seu aperfeiçoamento constante. Licenças remuneradas para pós-graduação e elaboração de um calendário flexível, entremeado por momentos de estudo coletivo, é uma boa pedida.

5. Repensar a questão qualidade x quantidade

O programa escolar brasileiro é muito extenso. Há um pouco de tudo. Seria interessante enxugar o currículo, deixando somente aquilo que é indispensável. E o indispensável sendo discutido exaustivamente. Tem muita abobrinha enfeitando currículos por aí. Muitos conteúdos que, efetivamente, pouco contribuem para o desenvolvimento cognitivo e social dos estudantes.

Profissionalização da Pilantragem

Outro dia, queriam plagear descaradamente a Dani.

Nascido nos ditados de português e aperfeiçoado nos exercícios de caça-palavras dos livros de Geografia e História, o plágio já foi uma coisa boa. Joãozinho acertava a questão se, necessariamente, respondesse, ipsis literis, a sentença correspondente no livro (dizem que ainda há casos assim, no Reino da Latvéria). Caso não acertasse, ora, havia ainda uma segunda chance: plagiava os rabiscos no quadro negro – escritos pelo professor (orgulhoso sabichão), ou por um aluno puxa-saco qualquer – quando da correção das atividades.

O que antes era um delito recorrente apenas na educação básica, aparece – e com impressionante força – em alguns programas de pós-graduação. Não é mais incomum casos de mestrandos serem descredenciados do programa por surrupiarem páginas alheias. No segundo maior encontro científico realizado no Brasil (em número de participantes), o Congresso Brasileiro de Geógrafos, houve, recentemente, um trabalho em que o único trabalho foi substituir os nomes da publicação original.

Tentar caminhos mais fáceis é tentador. Principalmente quando, por inépcia ou falta de tempo, são poucas as alternativas para escrever uma redação ou uma tese. Todavia, o futuro, ao que parece, será diferente. Absolutamente sem plágio.

Celebrando…

No Chile, se comemora no dia 16 de outubro. Na Argentina, em 11 e 17 de setembro. Na China, 10 de setembro. Cada dia, em cada país, faz referência e reverência a algum fato ou personalidade homenageado.

Os brasileiros usam o 15 de outubro, hoje, para as comemorações oficiais do Dia do Professor. A homenagem faz referência a 15 de outubro de 1827, ocasião em que o imperador Pedro I outorgou a Primeira Lei Geral da Educação Básica brasileira.

A sociedade patriarcal deixou sua marca, obviamente, mas já acenando mudanças. Apesar de excluir a Geometria na educação das meninas (substituída por costura, bordado e etc.), a Lei concedeu paridade entre os salários dos professores e das professoras. Além disso, procurava descentralizar o ensino no Brasil, autorizando o funcionamento de escolas em vilas e arraiais.

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Da minha listinha de blogs de leitura obrigatória, vários são escritos por gente que exerce (como eu) ou já exerceu a nobre profissão. Homenagens para:

Tereza, do Blogicamente, é professora de Língua Portuguesa em Charneca de Caparica, cidade separada de Lisboa pelo rio Tejo.

Suzana, do Su/Gutierrez (Blog da Su) é professora de Educação Física no Colégio Militar de Porto Alegre e entusiasta dos ambientes virtuais de aprendizagem.

Alfred Neuman, d’O Barnabé, já lecionou história em um cursinho pré-vestibular na capital federal.

Edk, do Longe Demais, também já deu aulas de história em Rio Branco, Acre.

Fernando Cals, do Observador, atuou em uma Faculdade de Arquitetura por mais de catorze anos.

Roberson, do Incontinentia Verbalis, é professor universitário, lecionando medicina legal no primeiro Centro Universitário do estado de Goiás.

Idelber, do Biscoito, ilustra o quadro de professores da Tulane University, em Nova Orleans, EUA.

Luis Palma, do Geografismos, está exercendo a profissão em Lisboa. Montou uma maravilhosa rede de blogs entre seus alunos.

Ana Lúcia, do P(Arte), PhD em História da Arte, é professora universitária no Canadá.

Daniela, do Idiossincrasia, especialista na língua do mercosul, trabalha na UFBa.

Antonio Carlos, do Geógrafos Sem Fronteiras, leciona Geografia no Instituto Coração Eucarístico, em Belo Horizonte-MG.

Nina, do Em poucas palavras, ensina as crianças de Pouso Alegre, também em Minas, sobre a ‘arte de manifestar os difersos afetos de nossa alma‘ (P. Bona).

A todos, Feliz Dia dos Professores.

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Nessa data, é obrigatório lembrar as péssimas condições de trabalho do professor brasileiro – notadamente a maioria, responsável pela educação básica. O salário baixíssimo não permite sequer a aquisição rotineira de livros. Poucos professores possuem acesso a Internet. Aqueles que possuem, falta o precioso tempo – uma vez que se desdobram em dois ou mais empregos (eu que o diga, com meu eventuais três períodos de trabalho por dia…).

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Hoje, assim como em qualquer outra data, sempre aparecem textos-chavões. Não vê-los é como passar o sete de setembro sem discutir se o Brasil é ou não independente. Abaixo, um texto que, mormente tê-lo visto pela primeira vez há uns dez anos, não consigo esconder um maroto sorriso nos lábios ainda hoje.

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O PROFESSOR SEMPRE ESTÁ ERRADO

Quando…

É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.

Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta no Colégio, é um “Caxias”.
Precisa faltar, é um “turista”.

Conversa com outros professores,
Está “malhando” os alunos.
Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.

Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.

Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a ‘língua’ do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.
Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, ‘deu mole’.

É, o professor está sempre errado.
Mas se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.

Anônimo

A mercantilização da educação

A montagem acima é do excelente kibeloco. Uma sátira próxima do real. Serra, um dos principais nomes da social-democracia brasileira (!), autorizou a propaganda nos uniformes da criançada que estuda em escolas municipais. José Pinotti, o secretário da educação, já faz as contas com a diminuição de gastos: 70 milhões liberados para outras demandas. Isso: a educação não é investimento, é gasto.

Cada vez mais a mercantilização penetra na educação. Além de se transformar em garoto-propaganda, o aluno é um importante consumidor em potencial. Se não conseguir se transformar em comprador, não há problema (frustração de pobre não é problema). O outdoor ambulante já contribuiu com a divulgação da marca para aqueles que realmente podem comprar.

Se causa estranheza essa nova política educacional, há tempos a mesma é familiar ao norte do Rio Grande (o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, certo?). No Colorado, o Estado assinou um acordo com a Coca-Cola que renderá US$ 8 milhões no decorrer de dez anos. A meta das escolas é vender mais de 70 mil caixas de Coca-Cola por ano. Para isso, é facilitado o acesso do aluno a cantina em qualquer horário, oferta de máquinas de refrigerante por todo o colégio e a permissão de tomar refrigerante em sala de aula.

Já o Channel One Television patrocina material televisivo para doze mil salas em todo território estadunidense. A contrapartida das escolas é garantir que os alunos irão assistir o canal diariamente. Interessante, se não possuísse 80% da programação voltada para entretenimento, esportes e, claro, propaganda. Os investimentos em material didático cada vez mais se transferem da esfera pública para a privada – piorando visivelmente.

No Estado da Geórgia, um fato inusitado. Uma escola secundarista participava de um concurso da Coca-Cola. No momento da pose para a foto, um dos alunos retira a camiseta de uniforme (com a marca Coke) e, por debaixo, aparece a marca da concorrente, Pepsi. Resultado? Suspensão para o engraçadinho.

O ensino público nos Estados Unidos está em crise. A incompetência do Estado na área da educação é o motivo das parcerias com a iniciativa privada. É, talvez, a pior saída. Determinadas políticas de parcerias entre o público e o privado pode desobrigar aquilo que é obrigação do Estado: educação pública, gratuita e de qualidade. Não tendo prioridade, a educação entra em crise. Questão de lógica.

Tomara que não haja muita suspensão no ensino municipal paulistano.

(Post influenciado pelas leituras de Apple e Moore)

Update (15/09/2005): O Imprensa Marron publicou um excelente texto sobre o mesmo tema. Vale a pena conferir.

Evidências, evidências (II)…

Cláudio de Moura e Castro gosta muito de evidências. Na educação, estritamente. O mesmo economista não sustentaria (e creio que muitos de seus pares) as mesmas estratégias em sua própria área.

A revista para qual Castro trabalha há muito insiste sobre a imbecilidade de contrariar os interesses de Bush&Cia. O Canal da Imprensa oferece pistas para explicação desse fascínio pelo american way of life.

Do relacionamento diplomático com os EUA e o respectivo sucesso (ou não) dele alcançado temos dois exemplos recentes aqui, na parte meridional da América.

A Argentina passou recentemente por uma crise violenta. Ainda não amolecidos pelo efeito tsunami, ficamos insensíveis ao infortúnio de nossos hermanos. O criador do plano de estabilidade econômica argentino, Cavallo, foi convidado para tomar as rédeas da economia. Mesmo assim, a carruagem capotou de vez. Em tempo: a Argentina é uma parceira histórica dos Estados Unidos – mesmo após o apoio dos estadunidenses aos ingleses na Guerra das Malvinas, em 1982.

Já a Venezuela, governada pelo bufão e genioso Chavez, arrotou um populismo esquerdista em graus latitudinais bem mais próximos da Grande Potência. Ninguém duvida que Bush o considera persona non grata. Muito menos que boa parte dos republicanos, como Pat Robertson, prefere vê-lo duro e gelado. Apesar de contar com uma aguerrida oposição, a Venezuela continua na mesma vidinha pré-Chavez.

Ao contrário dos terroristas de plantão bem localizados na imprensa tupiniquim, contrariar interesses dos Estados Unidos não leva ninguém para o buraco. Lamber suas botas, sim.

Mas, convenhamos. São somente evidências.